Prestes a ser privatizado, funcionários dos Correios cruzam os braços e entram em greve, mas em Campos…
Categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da empresa. Estatal fala em ‘paralisação parcial’ e compromisso com ‘empresa sustentável’.
Funcionários dos Correios entraram em greve na manhã desta quarta-feira (11). — Foto: Everson Moreira/RPC
Como veremos na matéria, o órgão, mesmo em greve, se mantem em funcionamento em Campos no Norte do Rio de Janeiro.
Mesmo com a greve dos funcionários dos Correios tendo sido deflagrada na noite desta terça, o funcionamento das agências em Campos, está sendo normal nesta quarta-feira (11). Na porta da agência foram colocados cartazes informando sobre a greve, mas o atendimento ao público não está sendo afetado.
A categoria quer impedir a redução dos salários e de benefícios, e é contra a privatização da estatal, que foi incluída no mês passado no programa de privatizações do governo Bolsonaro.
O reajuste salarial com reposição da inflação do período é um dos principais pontos reivindicados pela categoria. No entanto, os trabalhadores querem também a reconsideração quanto a retirada de pais e mães do plano de saúde, melhores condições de trabalho e outros benefícios.
A Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect) e a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirmam que a greve é geral e todos os 36 sindicatos de trabalhadores dos Correios aderiram à greve.
“A decisão foi uma exigência para defender os direitos conquistados em anos de lutas, os salários, os empregos, a estatal pública e o sustento da família”, afirmou em nota a Findect.
“Mesmo com a mediação do TST, a empresa não recebe os representantes dos trabalhadores há mais de 40 dias e se nega a negociar, pois insiste em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais”, disse a Fentect.
Em nota, a direção dos Correios informou ter participado de 10 encontros com os representantes dos trabalhadores para apresentar propostas dentro das condições possíveis, “considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões”.
A estatal ainda não divulgou balanço sobre os impactos da greve, mas fala em “paralisação parcial”. “O principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população”, disse a empresa.
Parte dos funcionários do Correio entram em greve em Ribeirão Preto (SP) — Foto: Vinícius Alves/CBN
Veja a situação por estados:
Acre
Cerca de 50% dos carteiros que trabalham em Rio Branco paralisaram as atividades, segundo o Sindicato dos Correios e Telégrafos do Acre (Sintec-AC). Segundo a presidente da entidade, Suzy Cristiny, mais trabalhadores devem aderir ao movimento. O atendimento nas agências não foi paralisado.
A categoria afirma que o acordo coletivo venceu no dia 31 de agosto e não conseguiu outro acordo com a empresa, mesmo com a mediação do Tribunal Superior do Trabalho.
Alagoas
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Correios e Telégrafos em Alagoas (Sintect-AL), estão prejudicados no estado os serviços de entregas, postagem e serviços bancários. A categoria espera que 80% dos trabalhadores participem da mobilização.
As agências permanecem abertas na Bahia, entretanto a entrega de correspondências fica afetada pelo tempo que durar o movimento. A empresa diz, porém, que não há suspensão de nenhum serviço.
O sindicato afirma que a Bahia possui 700 unidades dos Correios. Já a empresa diz que são 470 agências no estado, sendo 33 delas em Salvador.
Trabalhadores dos Correios fazem manifestação em frente à agência de Iguatu, no interior do Ceará, no primeiro dia de greve da categoria — Foto: Vandemberg Belém/Sistema Verdes Mares
Ceará
Funcionários dos Correios pararam as atividades em agências de Fortaleza e em cidades do estado. A categoria faz manifestações na sede dos Correios na capital e em frente a agências no interior.
Conforme o Sindicato dos Trabalhadores em Correios, Telégrafos e Similares do Ceará (Sintect-CE), servidores de outras unidades no estado devem reforçar a paralisação, fechando as agências. A principal reivindicação é um aumento salarial de 3,2%, em vez do reajuste de 0,8% proposto pelo Governo Federal.
Agência dos Correios com atendimento normal nesta quarta no DF — Foto: Carolina Cruz/G1
A agências de atendimento dos Correios amanheceram abertas no Distrito Federal nesta quarta-feira. A maior adesão ao movimento deve ocorrer no setor de distribuição, segundo a Fentect, o que pode afetar os prazos de entrega de encomendas.
O G1 consultou agências localizadas na Asa Sul, na Asa Norte, no Guará, em Samambaia no Sudoeste e em Taguatinga. Todas foram abertas no horário de funcionamento normal, às 9h, sem previsão de alteração.
“Historicamente, as áreas que mais participam são as áreas de distribuição (e não o de atendimento)”, explicou o representante da Fentect, Fischer Marcelo Moreira dos Santos.
Maranhão
Em São Luís, os servidores dos Correios aprovaram a greve em assembleia geral realizada na sede administrativa do sindicato da categoria (SINTECT-MA), no bairro Radional, em São Luís.
Como parte do movimento grevista, o sindicato anunciou um seminário das 8h30 as 16h desta quarta-feira na sede do Sindicato dos Bancários, na Rua do Sol, no Centro de São Luís. O assunto em destaque será sobre a possibilidade de privatização da empresa.
Servidores dos Correios no Maranhão deflagraram greve após assembleia geral — Foto: Divulgação / Sintect-MA
No Mato Grosso, a greve teve mais adesão em Cuiabá, Cáceres, Alta Floresta, Nova Mutum, Tesouro, Luca do Rio Verde. O sindicato diz que 30% do efetivo foi mantido na greve.
“Não temos concursos desde 2011. Não temos mais transporte aéreo de cargas, tudo chega por carretas. O Sedex, que antes chegava no dia seguinte, hoje demora entre cinco a 10 dias para ser entregue. São ações, de vários anos, que foram pensadas para piorar o serviço e causar essa impressão na população”, disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT), Edmar dos Santos Leite.
Greve dos Correios começa nesta quarta-feira (11), na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo Branco
Minas Gerais
Em Belo Horizonte, a categoria se concentrou em frente à Agência Central dos Correios, na Avenida Afonso Pena, e saiu em passeatas por ruas do centro. Segundo o Sintect, cerca 80% dos setores da empresa tiveram uma média de 70% dos serviços oferecidos afetados.
Na capital mineira, nenhuma agência está totalmente fechada, segundo o sindicato e também os Correios, que garantem que nenhum serviço foi totalmente suspenso. No interior, o Sintect informa que algumas agências estão fechadas nesta quarta-feira (11).
O sindicato avalia que os serviços afetados podem ficar lentos. A entrega em domicílio, por exemplo, pode ser afetada e algumas delas podem atrasar.
Na área de abrangência do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios e Telégrafos de Uberaba e Região (Sintect-URA), que contempla 156 cidades da região, houve adesão ao movimento pelas cidades de Uberaba, Uberlândia, Patos de Minas e Patrocínio.
Trabalhadores dos Correios fazem greve em Belo Horizonte — Foto: Gabi Coelho/G1
Paraíba
Os trabalhadores dos Correios da Paraíba aprovaram a greve por tempo indeterminado em assembleia realizada no Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos da Paraíba (Sintect).
A principal reivindicação, segundo o sindicato, é a reposição salarial de acordo com a inflação e os benefícios integrais no valor acumulado da inflação do período agosto de 2018 a julho de 2019. Além disso, os trabalhadores pedem manutenção de cláusulas sociais e aumento de salário no valor de R$ 300 linear.
Paraná
Agências e unidades dos Correios do Paraná amanheceram fechadas nesta quarta-feira. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sintcom-PR), serviços de entrega e postagem realizados pela empresa estão paralisados por tempo indeterminado.
Não há uma estimativa de quantos funcionários aderiram à greve.