Comprar um sítio, deixar o emprego e a cidade, aproveitar a vida e se desvencilhar de pedidos de conhecidos: estas seriam algumas das opções de campistas, caso fossem ganhadores dos R$ 32.686.894,02 sorteados pela Quina. Na noite dessa quarta-feira (4), no Espaço Loterias Caixa, em São Paulo, um apostador de Campos ganhou o concurso 5064 e levou o maior prêmio da história do jogo.
O vencedor fez a aposta mínima (R$1,50) na lotérica Lumabe, na rua Voluntários da Pátria, próximo à avenida Pelinca. Nesta quinta-feira (5), unidades na área central e no subdistrito de Guarus reuniram diversas pessoas para conferir os bilhetes e fazer jogos visando a futuros sorteios.
Entre os apostadores que buscaram uma nova oportunidade nesta manhã, está o pintor Paulo Roberto dos Santos, de 54 anos. Após o jogo, em uma unidade de Guarus, ele contou que, há 20 anos, aposta na Quina e na Mega Sena. Caso conquistasse o prêmio máximo sorteado nos jogos, um dos planos do homem seria viver longe da cidade.
— Primeiramente, eu ia ajeitar a minha vida e a vida da minha família e compraria umas terras. Eu gostaria de viver longe da cidade, em um sítio. Compraria um sítio, com certeza. Eu sairia da região porque tenho muitos conhecidos aqui, e eles iam ficar pedindo muito dinheiro a mim toda hora — afirmou, entre risadas, ressaltando que, de sua família, é o único que tem o hábito de fazer apostas. — O que me motivou a jogar foi a vontade de não trabalhar mais. Foi decisão minha mesmo. Por incrível que pareça, ninguém gosta de jogar. Nenhum deles (familiares) perde tempo de vir aqui para jogar, mas eu jogo sempre.
Paulo recordou que já ganhou prêmios durante essas duas décadas, mas ainda não conquistou seu objetivo. “Sempre ganhei pouco dinheiro, cerca de R$ 600, R$ 700. Já ganhei umas seis vezes. Inclusive, hoje (quinta), acabei de ganhar R$ 2,78. Eu vou continuar jogando sempre. O sonho nunca pode acabar. Tenho esperança de um dia ganhar como esse companheiro ganhou aqui na nossa cidade. No mais, boa sorte para nós que jogamos”, declarou.
Outro apostador desta manhã de quinta foi Pedro Henrique Neves, de 35 anos, que trabalha como gerente de uma agência da Caixa Econômica Federal. Ele contou que tinha o costume de jogar pela internet, mas decidiu mudar e ir até as loterias.
— Mudei o foco porque os prêmios mais altos saem para quem joga em loteria. Jogo há uns cinco anos. Não é toda semana, mas esses prêmios grandes chamam a atenção para a gente continuar jogando de vez em quando. A sorte está rodando Campos, né? — brincou Pedro.
O gerente afirmou que, se fosse o ganhador dos R$ 32 milhões da Quina, faria um planejamento para evitar gastos excessivos. “Investiria e tentaria viver da renda. Acho que dá para viver bem com essa renda”, disse. Para Pedro, os prêmios sorteados pela Caixa também auxiliam no fomento à economia:
— Acho que esses prêmios vêm também para ajudar o mercado local. A Caixa tem o papel social, de fazer pagamentos de benefícios, mas tem essa questão também que, de vez em quando, uma cidade é premiada. Um jogo da Caixa, eu acho que fomenta o mercado. Com certeza, esse ganhador, se tiver um perfil mais de empreendedor, é um novo negócio começando em Campos. O papel do jogo, nesse sentido, é importante para a cidade.
Proprietário da lotérica Lumabe, que tem dez anos de atividade, Ramon Fonseca Monteiro contou que esta é a primeira vez que um jogador vence sozinho um concurso desta proporção no país.
— Esse é o maior prêmio da Quina pago no país. É emocionante, é gratificante saber que um cliente nosso fez o joguinho com a gente e ganhou essa bolada. Espero que saiba usar, que tenha pé no chão e que o prêmio possa ajudá-lo bastante; que ele possa usufruir bem desse dinheiro. Com R$ 32 milhões, eu, como proprietário da lotérica, baixaria as portas. Seria a primeira coisa. Pediria licença a todo mundo e diria: “Gente, por favor, vá à outra loteria pagar as contas”. Mas, falando sério, se eu ganhasse, eu não contaria nem para mim mesmo. Costumo dizer isso e é verdade. Continuaria trabalhando normalmente. É difícil? Lógico que é difícil, mas a gente tem o pé no chão — comentou Ramon, destacando que é importante manter a esperança. — Eu costumo dizer o seguinte: a sorte é igual para todos. Uns têm muita, outros têm pouca, outros têm pouquinha, mas sempre têm.