Asfixiado por penhoras, Vasco negocia com credores e sofre para obter empréstimo
Clube tenta captar R$ 20 milhões, mas penhoras que superam o valor fazem com que todo o processo fique estagnado. Ainda não há previsão para uma solução.
Professores em greve, funcionários com três meses de salários atrasados, jogadores há quatro meses sem direitos de imagem. A situação financeira do Vasco, que há tempos não é das melhores, está completamente estagnada. Asfixiado por penhoras nos últimos três meses, o clube ainda não conseguiu obter os R$ 20 milhões do empréstimo aprovado pelo Conselho Deliberativo no dia 28 de junho.
Alexandre Campello, presidente do Vasco — Foto: Bruno Giufrida
As penhoras, em sua maioria de ordem cível, superam, somadas, os R$ 20 milhões que o clube tenta captar. São dívidas com empresas, fornecedores e ex-atletas, por exemplo. A principal é com um escritório de advocacia, contratado para justamente para tentar levantar penhoras anteriores e tratar com o Profut – o escritório cobra um percentual dos valores caso consiga sucesso.
Desta forma, a diretoria não consegue obter garantias para captar o valor. A solução, ainda sem prazo para acontecer, é tentar negociar acordos com os credores, para desbloquear o crédito.
Este trabalho vem sendo feito nas últimas semanas, mas é considerado difícil. Uma pessoa da diretoria envolvida nas negociações fez comparação curiosa:
– É uma maratona misturada com corrida de velocidade. Tem que correr muito durante muito tempo.
Professores em greve
Desde maio, a diretoria pediu a aprovação de R$ 30 milhões em empréstimo. O valor foi aceito pelo Conselho Deliberativo, mas apenas R$ 10 milhões foram captados. Depois disso, as penhoras surgiram, e tudo ficou parado.
Nesta quarta-feira, os professores se reuniram com o vice-presidente social do Vasco, Marcos Macedo, e ouviram que não há previsão para o pagamento. Por isso, decidiram manter a greve.
Na segunda-feira, a diretoria conseguiu pagar o mês de maio a 227 funcionários, que recebem até R$ 1,5 mil. Em nota oficial, o clube reconheceu as dificuldades e afirmou que está trabalhando para normalizar a situação.
– A Diretoria Administrativa do Vasco está empenhada em normalizar o pagamento dos salários dos funcionários do Colégio Vasco da Gama, assim como de todos os colaboradores do Clube. A direção do Vasco se sensibiliza e compreende a manifestação dos professores e demais funcionários do Colégio. Estamos trabalhando também para evitar maior impacto sobre os próprios alunos, jovens atletas do Clube.
No futebol, as dívidas também assombram. Os jogadores estão com quatro meses de direitos de imagem atrasados e dois meses de atraso na carteira de trabalho.
Por Bruno Giufrida e Felipe Schmidt — Rio de Janeiro