Procurador do Renan Saad do Rio de Janeiro é preso na manhã dessa segunda-feira (1)
Lava-Jato no Rio prende procurador
suspeito de receber propina em
obras do metrô.
Segundo delação premiada do ex-diretor de contratos da empreiteira Odebrecht Marcos Vidigal do Amaral, Saad teria recebido R$ 1,265 milhão em pagamentos relacionados ao metrô do Rio. O delator disse que o procurador recebeu R$ 300 mil em troca de um parecer sobre a Linha 4 que alterava o seu trajeto inicial, além de desvios no uso do tatuzão, que consome por mês R$ 2,9 milhões mesmo parado.
Na época dos fatos dos quais é acusado, o procurador era lotado como assessor jurídico chefe da Secretaria de Estado de Transportes (SETRANS), no governo de Sérgio Cabral. Ele foi exonerado do posto em junho de 2012. Pareceres favoráveis de Saad teriam sido “fundamentais” para viabilizar as obras da Linha 4, segundo a investigação. A mudança na construção beneficiaria a organização criminosa vinculada ao ex-governador do Rio, segundo os investigadores.
O procurador, que era identificado no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht pelo codinome “Gordinho”, teria recebido repasses da empreiteira entre 2010 e 2014, de acordo com a força-tarefa. Um deles — de R$ 100 mil — teria sido realizado em dinheiro vivo no escritório de advocacia de Saad.
O Ministério Público Federal (MPF) localizou um registro de pagamento realizado no endereço deste escritório em uma empresa de manutenção de depósito de documentos, contratada pela transportada Transexpert. A 7ª Vara Federal Criminal do Rio acolheu o pedido de prisão temporária, entre outros motivos, pela necessidade de colheita de depoimentos de subordinados de Saad para apurar supostos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro por meio do escritório de advocacia.
O custo do tatuzão
Em maio de 2017, o GLOBO revelou que o Ministério Público cobrava R$ 3 bilhões por fraudes na Linha 4 do Metrô.
As obras da Linha 4 foram iniciadas em março de 2010, pelo Trecho Oeste, enquanto que as obras do Trecho Sul só foram iniciadas em outubro de 2012. A previsão inicial de conclusão das obras e a entrada em operação da Linha 4 era o mês de junho de 2016, porém apenas a ligação entre a Barra (Jardim Oceânico) e Ipanema (Estação General Osório) entrou em operação nesta data. A Estação Gávea tinha previsão para estar concluída em janeiro de 2018 (segundo o termo aditivo nº 4), mas até agora não saiu do papel. Um inquérito civil apura a paralisação da obra.
A 4ª Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital instaurou em março um inquérito civil para apurar possíveis irregularidades com o uso de recursos públicos nas obras da Estação Gávea, da Linha 4 do metrô. O GLOBO revelou, com exclusividade, que, mesmo sem atividades, o tatuzão e os canteiros de obras da estação já consumiram R$ 34,2 milhões de recursos do estado , segundo cálculos feitos com base no contrato de concessão da Linha 4.
O tatuzão consome, por mês, R$ 2,9 milhões, segundo o contrato de concessão da Linha 4. Os valores são reajustados a cada ano. O equipamento, estacionado desde abril de 2016 em uma caverna sob a Rua Igarapava, no Alto Leblon, custava até dois anos atrás R$ 29,2 milhões. Já os dois canteiros na Gávea custavam R$ 222.968,57 por mês. Tiveram suas obras interrompidas em março de 2015, consumindo R$ 5 milhões em recursos.
Por: O EXTRA