Vaticano propõe ordenar padres casados na Amazônia
O relatório abre a possibilidade de laicos casados se tornarem padres, mas apenas sob determinadas condições. A ideia já era discutida desde o ano passado, após a convocação da assembleia episcopal pelo papa Francisco.
“Afirmando que o celibato é um presente para a Igreja, se pede que, nas zonas mais remotas da região, se estude a possibilidade de ordenação sacerdotal de idosos, preferivelmente indígenas, respeitados e aceitos por sua comunidade, ainda que já tenham uma família constituída e estável”, diz o documento.
A ideia seria estender o sacerdócio aos chamados “viri probati”, homens casados, de fé comprovada e capazes de administrar espiritualmente uma comunidade de fiéis. O objetivo seria aumentar o número cada vez menor de padres na Amazônia.
O documento ressalta que as comunidades amazônicas enfrentam dificuldade para celebrar a Eucaristia por falta de sacerdotes.
“Por isso, ao invés de deixar as comunidades sem Eucaristia, devem ser mudados os critérios de seleção e preparação de ministros autorizados a celebrá-la”, diz o Vaticano.
O relatório ainda evidencia a “contribuição decisiva” de homens e mulheres nativos para “dar impulso a uma autêntica evangelização do ponto de vista indígena, segundo seus hábitos e costumes”. “Trata-se de indígenas que pregam a indígenas com um profundo conhecimento de sua cultura e seu idioma, capazes de comunicar a mensagem do Evangelho com a força e a eficácia de sua bagagem cultural”, acrescenta o documento.
Além disso, o Vaticano pede aos bispos que discutam formas de garantir espaços de “liderança” às mulheres, especialmente na área de formação. Entre outras coisas, o relatório sugere que seja “identificado o tipo de ministério oficial que possa ser conferido às mulheres, tendo em conta o papel central que elas desenvolvem na Igreja amazônica”, diz o texto.
O documento também cita o “alarmante” número de “mártires” na Amazônia, especificamente no caso do Brasil, com 1.119 índios assassinados entre 2003 e 2017, segundo dados do relatório “Violência contra os Povos Indígenas”.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, já admitiu que o Sínodo sobre a Amazônia gera “preocupação” no governo Bolsonaro, que vem sendo criticado internacionalmente por afrouxar as políticas ambientais do país.
(ANSA)