Ana Carolina larga pop eletrônico sensual e fala da ‘volta às canções de amor, as famosas baladas’

Ana Carolina lança o primeiro EP de 'Fogueira em Alto Mar' nesta sexta (31) — Foto: Pedro Dimitrow/Divulgação

Ana Carolina lança o primeiro EP de ‘Fogueira em Alto Mar’ nesta sexta (31) — Foto: Pedro Dimitrow/Divulgação

“Volto a fazer canções de amor, as famosas baladas…”, define Ana Carolina ao G1.

Essa é a faixa de abertura do primeiro de três EPs de “Fogueira em Alto Mar” lançado nesta sexta (31). Juntas, as três partes vão formar o 11° disco da cantora mineira em 26 de julho.

Logo nas primeiras músicas, dá pra reparar que dois pontos característicos nos sucessos da cantora aparecem com força nesse disco de inéditas depois de seis anos: o violão bem forte e as letras românticas contemplativas, como em “Confesso” e “Encostar na Tua”. Ana também percebe a “conversa” com seu começo na música.

Deste primeiro EP, “1296 Mulheres” é a única que lembra, pela letra de Moreira da Silva e Zé Trindade, o trabalho anterior, “#AC”, que era voltado para o pop eletrônico com letras diretas e sensuais, como “Pole Dance” e “Libido” de 2014.

Ana Carolina e Elza Soares gravaram 'Da Vila Vintém ao Fim do Mundo' — Foto: Patrícia Lino / Divulgação

Ana Carolina e Elza Soares gravaram ‘Da Vila Vintém ao Fim do Mundo’ — Foto: Patrícia Lino / Divulgação

“Não consegui fazer a canção de amor que a Elza queria, mas fiz uma homenagem do fundo do meu coração”, explica. Ana diz que gravar com a cantora de 88 anos foi um dos momentos mais emocionantes deste trabalho.

A turnê de 20 anos de carreira vai começar no dia 15 de junho em Belo Horizonte, e já há outras 12 datas marcadas. O repertório, no entanto, ainda não está fechado.

G1 – Conta um pouco como foi o processo para chegar nessas músicas de “Fogueira em Alto Mar”.

Ana Carolina – Comecei a compor em 2018 pra esse disco e em setembro ou outubro todas já estavam todas prontas. Eu faço mais a parte da música e os parceiros (Bruno Caliman, Zé Manoel, Edu Krieger, Antonio Villeroy) ficam mais com a letra.

G1 – No seu último trabalho, o #AC, as músicas estavam em um caminho pop mais eletrônico, dançante com letras mais sensuais diretas. Neste já dá para ouvir mais seu violão e as letras são contemplativas e românticas. Como você explica essa mudança?

Ana Carolina – O #AC foi em particular um disco eletrônico, onde não havia bateria e a gente programou tudo. Era um disco feito para dançar.Esse disco agora conversa mais com o início da minha carreira. Volto a fazer canções de amor, as famosas baladas…

Ele volta um pouco com essa coisa que você falou do violão, dos arranjos serem mais levados pro lado da MPB.

Ah e tem os dois sambas “1296 Mulheres”, “Da Vila Vintém ao Fim do Mundo”. Eles são a única coisa que há de diferente entre esse momento agora e o início da carreira.

G1 – Agora com “Fogueira em Alto Mar”, você se sente pressionada para emplacar outro grande hit?

Ana Carolina – Hum….. (Ela faz uma pausa). Ah seria bom emplacar um, dois, três hits nesse EP. Adoraria. Essa é uma pressão que eu faço em mim mesma.

G1 – Queria falar um pouco sobre “Da Vila Vintém ao Fim do Mundo”… Como foi que chegou nessa música? Li que foi uma “encomenda” de 2017 da própria Elza.

Ana Carolina – Não consegui fazer a canção de amor que a Elza queria que eu fizesse, mas fiz uma homenagem do fundo do meu coração, com toda a minha admiração.

(Eu e Zé Manoel) estudamos bastante a vida dela para fazer o samba e foi muito emocionante gravar com a Elza. Estar com ela no estúdio foi um dos momentos mais emocionantes do disco.

G1 – Essa dificuldade já tinha acontecido outras vezes? Quando?

Ana Carolina – Olha, quando Bethânia me pediu “Pra Rua Me Levar”, eu não consegui fazer, fiquei paralisada por um bom tempo. Até que eu recebi uma outra ligação dela, porque eu precisava da liberação de um fonograma e ela disse “você não fez a música?”.

Fiquei completamente sem graa, apertada. No mesmo dia me encontrei com o Antonio Villeroy e a gente ficou sei lá de 22h da noite até 5h da manhã arrastados, assim pelo chão já, para conseguir fazer a música.

Você imagina com 20 e poucos anos, a Bethânia pede uma música para você… Claro que fiquei completamente paralisada (ela ri).

É uma pressão muito grande quando uma diva assim desse tamanho pede para você fazer. É difícil…

G1 – Como surgiu a decisão de fazer esses três momentos de lançamento com os EPs de “Fogueira em Alto Mar”?

Ana Carolina – Conversando com a gravadora, a gente chegou a conclusão que essa era a melhor maneira – e é. As pessoas se interessam muito por música pela internet. Esse realmente é o veículo mais importante hoje em dia que a gente tem pra música. Acho que foi uma decisão acertada.

G1 – São 20 anos de carreira, imagino que você tenha grandes momentos na sua cabeça, mas pode destacar algum que se lembra com muito carinho?

Ana Carolina – A primeira música gravada por alguém, que foi “Pra Rua Me Levar” com a Maria Bethânia. Ela foi a primeira cantora que gravou uma música minha, então foi um momento muito importante, definitivo na minha carreira.

O outro foi compor uma música com o Gil. É um momento de emoção mesmo, né? Não tem outra palavra para descrever esse momento em que eu faço um samba com o Mombaça e o Gil coloca a letra. Foi incrível. A música se chama “Torpedo”.

G1 – Você vai sair com uma turnê especial de 20 anos. Além das novas, como foi esse processo para escolher o repertório? Difícil?

Ana Carolina – Olha, bem difícil…. São muitas músicas, muitos momentos da carreira. Usei um pouco a intuição. Estou trabalhando com o Marcus Preto para fazer o roteiro e o Guilherme Leme vai dirigir. Tá sendo difícil escolher as canções, mas a gente vai chegar lá. Estou bem no olho do furacão agora.

Por Gabriela Sarmento, G1

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