Milhares de famílias enfrentam pela primeira vez a insegurança alimentar na Argentina.
BUENOS AIRES — Sexta-feira, 22h, Plaza de Mayo. Do lado da Avenida Rivadavia, mães com filhos, idosos e homens solteiros improvisam uma fila com um prato na mão, para receber uma porção de purê de batatas e hambúrguer. Os que chegaram antes comem sobre tábuas de madeira. Mais adiante, como se fossem incapazes de se misturar, Andrea e Daniel, um casal com dois filhos — um de dois anos e outro de seis — ficam parados, equilibrando como podem seus jantares, dizendo a si mesmos, sem dizer, que isso também irá passar.
A família, como muitas outras argentinas, está onde nunca imaginaria estar: na fila para receber um prato de comida ou doações de roupas, ou até mesmo dormir em albergues ou abrigos. Eles fazem parte dos 2,65 milhões de novos pobres formados no último ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).