Após impasse no governo, Parlamento de Israel decide convocar novas eleições
Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu perdeu maioria necessária para
formar o governo com disputa entre judeus ortodoxos e militaristas.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, chega a votação no Parlamento que decidiu pela convocação de novas eleições. — Foto: Ronen Zvulun/Reuters
A dissolução foi aprovada porque Netanyahu perdeu o apoio do partido nacionalista Yisrael Beitenu, que integraria a coalizão governista liderada pelo Likud (leia mais sobre a cisão no governo israelense no fim da reportagem).
Assim, das 65 cadeiras previstas inicialmente, o premiê ficaria apenas com 60 – uma a menos do necessário para formar maioria absoluta. Sem esse apoio, Netanyahu admitiu não ter conseguido maioria no Parlamento até o prazo que terminou à 0h desta quinta-feira (18h de quarta, em Brasília).
Assim, os israelenses voltarão às urnas possivelmente em setembro, segundo a imprensa local, para formar novamente o Knesset – nome dado ao Parlamento Israelense. Portanto, o país terá passado por duas eleições gerais no mesmo ano.
A oposição liderada por Benny Gantz não era a favor de um novo pleito. De acordo com a imprensa israelense, Gantz afirmou que, sem coalizão, o governo deveria ser transmitido para o partido oposicionista Azul e Branco, segundo mais votado nas eleições de abril.
Benjamin Netanyahu comemora com a esposa, Sara, a vitória para um novo mandato como primeiro-ministro de Israel — Foto: Ronen Zvulun/Reuters
A origem do celeuma está na diferença entre os judeus ortodoxos e os partidos seculares de direita. Ambos os grupos formavam a base de sustentação de Netanyahu após o resultado das eleições de abril.
O partido Yisrael Beitenu, do ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, tentou aprovar uma lei obrigando jovens judeus ortodoxos a participarem do serviço militar obrigatório em Israel. A proposta irritou os integrantes religiosos da coalizão governista.
Com o racha, os cinco deputados do Beitenu deixaram a coalizão a poucos dias do prazo de formação do governo. Diante da possibilidade de uma queda de Netanyahu, o próprio Likud – partido de Netanyahu – apresentou uma moção para novas eleições para tentar pressionar os dissidentes a votarem atrás.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, participa de sessão no Parlamento. Atrás dele, o ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, líder do partido que rompeu com o governo — Foto: Sebastian Scheiner/Arquivo/AP Photo
Caso os parlamentares votassem contra a organização de novas eleições, Netanyahu poderia ser obrigado a devolver o cargo ao presidente de Israel, Reuven Rivlin. O chefe de Estado, então, receberia novos nomes de parlamentares e apontaria o novo primeiro-ministro – que poderia ser, inclusive, o opositor Benny Gantz.
Por G1