O incansável Rossi e o Vasco que morre na véspera
Rossi foi o grande destaque do Vasco (Foto: Carlos Gregorio Jr/Vasco)
Dizem que o vascaíno pessimista desligou a tv no intervalo do histórico Palmeiras x Vasco que decidiu a Copa Mercosul de 2000 – virada por 4 a 3, com um jogador a menos, após estar perdendo por 3 a 0. Pois hoje eu afirmo, sem a menor dúvida, que nem o maior dos otimistas cruz-maltinos comemora uma vitória antes do apito final.
É possível, inclusive, que ele aguarde a publicação da súmula para ter certeza do resultado. Para aí sim, e só depois disso, comemorar. É um VAR emocional.
Sofrer gols nos fim se tornou uma espécie de patologia da equipe, talvez até algo psicológico. Um tipo de ‘Fergie Time’ às avessas. O relógio se tornou um inimigo traiçoeiro que se arrasta nos minutos finais com uma dramaticidade agoniante e memorialista. É como se todo jogo tivesse um grande déjà vu prestes a ser revelado.
Dos 33 gols sofridos pelo time na temporada – são 30 jogos -, 11 foram marcados nos 15 últimos minutos. Ou seja, 33% dos tentos contra saíram num período de tempo equivalente a aproximadamente apenas 16%. É um número muito alto.
E sofre no fim até mesmo quando é pouco importunado desde o início, como foi neste domingo, contra o Fortaleza.
O Vasco vencia os cearenses não por uma bola fortuita levantada na área, como quase ocorreu contra o Avaí, no fim de semana anterior. O Cruz-Maltino era melhor em campo, havia criado boas jogadas em velocidade pelo lado direito, com Pikachu e Rossi levando a melhor sobre os marcadores em diversas jogadas, mas o ataque pecava na conclusão.
Fez 1 a 0 de pênalti, com Pikachu, após Rossi – líder de desarmes (4), assistências (3) e finalização (3) – pressionar a saída, forçar o erro de Nathan e ser derrubado por Felipe Alves, mas poderia ter marcado também em duas chegadas de Lucas Mineiro, em outras duas de Marcos Junior – que fez boa estreia – ou em cabeçada de Marrony, todas elas mal concluídas. Algo também recorrente.
O Vasco precisa de 15 finalizações para marcar um gol no Brasileirão 2019. É a 3ª pior marca do campeonato, ficando à frente apenas de Avaí (20) e CSA (31), segundo o Footstats. E essa dificuldade de se confirmar o triunfo é normalmente um prenuncio do insucesso que está por vir, assim como foi a bola perdida por Fellipe Bastos na rodada anterior.
Após uma estreia utilizando jogadores mais experientes e uma formação tática de seu antecessor, o 4-2-3-1, Luxemburgo mandou a campo um Vasco mais ao seu feitio. Num 4-1-4-1 com três volantes, um mais recuado e dois por dentro formando a segunda linha com os pontas. Um time de marcação mais alta, que tentava pressionar a saída de bola adversária e atacar em velocidade.
Mas enquanto Rossi colecionava arrancadas pela direita, impondo uma correria digna dos mais tradicionais Grand Prix, Yan Sasse, na esquerda, caminhava com a tranquilidade de um turista à beira-mar. Torto, o Vasco só não foi improdutivo graças a grande atuação de seu camisa 7, que teve o suporte de Yago e Marcos Júnior pelo seu lado.
A entrada de Valdívia mais uma vez pouco acrescentou, e a vaga de articulador ofensivo do Vasco segue vaga. O meia, aliás, foi quem perdeu a bola antes do gol de Romarinho, aos 44 minutos do 2º tempo. Lance que contou também com a frouxidão defensiva de Lucas Mineiro, que não diminuiu os espaços do atacante mesmo estando a menos de dois passos. Outro momento com ar de déjà vu.
Contra o Avaí, no duelo anterior, o Vasco fez muito pouco para sair com os três pontos, e acabou sendo penalizado no fim. Dessa vez, contra o Fortaleza, o time foi superior. Porém, apesar da melhora coletiva, a fragilidade individual ainda pesa, tanto na hora de conquistar a vitória quanto no momento de mantê-la.
Não é uma questão apenas de técnico, falta técnica.
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