Entidades do comércio de Campos em ato público por segurança na BR 101

Isaías Fernandes
Membros de entidades representativas do comércio de Campos se reúnem, na manhã desta quinta-feira (9), em um ato público para pedir segurança para a BR 101. Como a Folha vem noticiando nos últimos meses, a rodovia sofre com uma onda de insegurança, principalmente no trecho próximo à Manilha, onde acontecem com frequência assaltos e arrastões. Um documento, com todas as reivindicações, será confeccionado pelo grupo e enviado às autoridades da área de Segurança Pública.
Presidente regional da Firjan, Fernando Aguiar explicou que o ato não é para chamar a atenção dos governantes, já cientes da violência na rodovia, mas para alertar a sociedade.
— É para mostrar que estamos indignados com isso, que precisamos de respostas. Já estivemos com o governo, já estivemos na polícia, com deputados e representantes de entidades da região, para pedir uma coisa: segurança de ir e vir, segurança para estudar e trabalhar passando pela BR, a rodovia mais importante do interior do estado. Não é possível que a gente tenha restrições e medo de passar por lá diariamente — lamentou Fernando, ressaltando que, diariamente, há casos de arrastões e assaltos no local. “Isso precisa ser resolvido. É para isso estamos aqui. Precisamos resolver o problema”, reforçou.
Também presente ao ato, o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Orlando Portugal, anunciou a criação do documento e afirmou que a união das entidades possibilitará que as reivindicações sejam atendidas de maneira definitiva, pontuando que, se for preciso, serão convocadas “Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e todos os outros instrumentos de segurança que têm no Estado e no Brasil”:
— O que não dá mais é termos insegurança. Isso afeta economicamente, e muito, a nossa região. Muitos negócios, muitas exportações e importações deixam de acontecer porque nossos pares não têm a segurança e a certeza de que vão e voltam do Rio de Janeiro. Ao final deste movimento, nós teremos um documento que será encaminhado à Autopista, à PRF, à secretaria de Segurança, ao gabinete do governador do Estado e à CDL. Acredito que, com esse movimento, a gente possa ter tranquilidade para desenvolver nosso trabalho.
Leonardo Castro de Abreu, presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), também participou do ato desta manhã. Ele reforçou que a falta de segurança, além de assustar quem transita diariamente na rodovia, tem afetado a comercialização dos produtos na região. “O valor do seguro das cargas (caminhão de transporte) é mais aqui, causando mais prejuízos para os empresários”, afirmou.
O atual secretário de Desenvolvimento Humano e Social, Marcão Gomes, representou o prefeito de Campos, Rafael Diniz, no ato. Ele recordou que o tema foi debatido por Rafael e outros prefeitos da região em reunião do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Norte e Noroeste Fluminense (Cidennf), realizada nessa quarta-feira (8).
— Todos os prefeitos, de forma conjunta, assinaram um ofício que está sendo encaminhado ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano; ao presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia; e ao governador do Estado, Wilson Witzel. O termo solicita providências imediatas quanto a essa questão de violência que aflige a todos nós. Não podemos ficar passivos. É um movimento suprapartidário, de toda a sociedade, ao qual todos nós devemos estar engajados. Esperamos que esta Câmara de Vereadores e a sociedade civil organizada possam sensibilizar as autoridades de Segurança Pública — declarou Marcão.
“Terra de Ninguém” — Empresário do ramo tecnológico, Rogério de Souza Neto, de 54 anos, foi uma das vítimas da violência no trecho próximo à Manilha. Ele compareceu ao ato realizado na escadaria da Câmara. Ele estava com a esposa quando foi alvo de criminosos, em uma manhã, no caminho que, há anos, faz parte de sua rotina.
— É uma situação que eu não desejo para ninguém. Foi muito traumático. Procurei minimizar o problema, que já sabia que estava acontecendo, passando em um horário mais tranquilo, às 10 horas da manhã. Mesmo assim fui escolhido. Eu estava a 130km/h e emparelhou um carro ao meu lado. Achei, a princípio, que estava me ultrapassando, quando, de repente, saiu um indivíduo com um fuzil na mão e me mandou parar. Imediatamente o fiz — contou Rogério, ressaltando que tentou manter a tranquilidade.
Durante a abordagem dos bandidos, o empresário pediu que a esposa saísse do carro para ele poder resolver o problema. A situação foi contornada, entretanto, quando uma van colidiu na traseira do veículo de Rogério.
— Foi muito forte, até assustou o elemento, embora não tenha deixado de fazer a abordagem e me assaltar. Foi sorte. Eu digo “sorte” porque, quando eu fiz o BO, o policial comentou que ali, além de levarem seu carro, levam você para dentro da favela, pegam a senha do seu cartão e, enquanto não levam o máximo possível, não te libertam. É um tipo de ação que, na realidade, está se agravando. Além de te assaltar, eles estão te sequestrando. Graças a Deus, estou vivo. Essa parte material, a gente trabalha e compra de novo — afirmou, acrescentando que espera que atitudes sejam tomadas para que outras pessoas não sejam submetidas à violência recorrente: “Não quero que outras pessoas, amigos, passem por isso. Foi um momento muito traumático, que vai levar muito tempo para a gente apagar e que tira o nosso direito de ir e vir”.
Por: MARIA LAURA GOMES E ÍCARO BARBOS
Folha1

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