Servidores municipais realizaram manifestação em frente a sede da prefeitura nesta segunda-feira
Servidores públicos municipais de Campos aderiram à paralisação de 24 horas. Entre as categorias representadas, estão funcionários da Saúde, Educação, Guarda Civil Municipal, superintendência de Postura e do Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT). A suspensão das atividades foi definida na última semana. De acordo com os manifestantes, mais de 100 escolas da rede municipal aderiram, integral ou parcialmente, à paralisação, totalizando 80% das unidades de ensino, assim como 70% dos trabalhadores da Saúde e da GCM. Os servidores pedem reposição das perdas salariais e melhores condições de trabalho e de infraestrutura. Segundo o grupo, o ato continuará até que uma comissão de representantes seja recebida pelo prefeito, Rafael Diniz.
Presidente da Associação dos Guardas Civis Municipais de Campos, Marlon Andrews disse que o pleito do funcionalismo público está relacionado ao reajuste salarial da data-base de maio.
— Todo ano, é direito do servidor ter esse reajuste. Só que, infelizmente, nos anos de 2015, 2017 e 2018, o servidor público de Campos não teve reajuste. E agora, no ano de 2019, com o nosso salário já muito defasado, o prefeito enviou uma proposta de apenas 4,18%, o que a categoria não aceitou. Essa paralisação está ocorrendo com a promessa de que o prefeito vai receber uma comissão representante. Se não houver acordo, tem uma assembleia marcada para o dia 8, em que o presidente vai decretar greve geral por tempo indeterminado — explicou.
Membro do Sepe, Norma Dias explicou que a Educação está em greve porque a categoria está há três anos sem repasse salarial. Segundo a profissional, a proposta feita pelo prefeito Rafael Diniz não seria suficiente para recompor a perda.
— A gente tem uma perda imensa. Se a gente computar via piso nacional, está em 29,9% a defasagem salarial. Não é nem aumento, é recomposição com percentual do piso nacional. Se não fizer o repasse do piso, que foi uma conquista da categoria, vai achatando os salários, e o piso vai subindo. Então, vai chegar o momento em que os educadores do município vão ter um salário abaixo do piso nacional, e isso é inconcebível — detalhou Norma, ressaltando que há outros pontos importantes na pauta da categoria, como o plano de saúde e eleição para diretores. O Sepe informou, ainda, que 20% das unidades permanecem em funcionamento porque há profissionais contratados.
A presidente da Associação dos Servidores Municipais, Elaine Leão confirmou que 70% dos servidores da Saúde aderiram à paralisação. Já a Postura está, por enquanto, com 65% dos servidores paralisados, de acordo com Josimairy Gonçalves, fiscal lotada na pasta e representante da categoria no ato.
Em nota à imprensa, a Prefeitura informou que “o município tem conhecimento do movimento por grupo de servidores e considera que os serviços essenciais estarão mantidos na segunda-feira. Nos últimos dois anos, a Prefeitura de Campos vem mantendo diálogo com os servidores, apresentando de forma transparente os impactos que o município teve com a crise econômica e queda de arrecadação. Em paralelo, busca alternativas para reduzir a dependência dos royalties e fomentar a economia, gerando emprego e renda. Um reajuste superior ao que está sendo oferecido (4,18%, de acordo com IPC-A) ultrapassa o limite estabelecido pela lei de responsabilidade fiscal (LRF)”.
Paralisação em escolas — Mais de 100 escolas da rede municipal paralisaram integral ou parcialmente nesta segunda-feira. Entre as unidades que mantiveram as atividades nesta manhã, está a Escola Municipal Professora Sebastiana Machado da Silva. De acordo com a diretora, Ana Paula Bernardes, os professores não aderiam à paralisação, e as aulas aconteceram normalmente na parte da manhã. Ainda não há confirmação se o funcionamento será mantido na parte da tarde.
A Escola Municipal Professora Wilmar Cava Barros teve adesão parcial à paralisação. A vice-diretora, Letícia Carvalho Maciel, informou que alguns professores foram ministrar aulas nesta manhã e outros não compareceram à unidade escolar. A previsão é de que a paralisação permaneça no turno da tarde.
A Escola Municipal Senador Tarcísio Miranda é uma das que aderiram integralmente à paralisação das atividades. Na unidade, nesta manhã, estavam apenas integrantes da direção e do serviço de apoio.
Decisão — Na última segunda-feira (29), os servidores municipais rejeitaram a proposta de reajuste de 4,18% em assembleia realizada na sede do Sindicato dos Professores e Servidores Públicos Municipais (Siprosep). Durante a sessão, foi aprovada a paralisação. A próxima assembleia está prevista para o dia 8 de maio. Segundo o diretor Bira Santiago, a categoria está há três anos sem reajuste e, para uma reposição verdadeira, o valor deveria ser de 15%. Além disso, as outras demandas são a correção da classificação no Plano de Cargos e Carreira, aprovado em 2015, reativação do plano de saúde e aumento do auxílio alimentação. Esta é a segunda negativa a proposta da prefeitura. A última foi realizada no dia 17 deste mês. Segundo o município, a proposta apresentada teria um impacto de R$ 40 milhões nos cofres municipais.
No dia seguinte, terça-feira (30), o Sepe também decidiu pela adesão à paralisação. Durante o encontro, também foi definida a rejeição da proposta de reajuste salarial de 4,18% enviada pela Prefeitura. Em um comunicado enviado a pais e responsáveis, o Sepe informou que as atividades foram paralisadas “não só pela justa reivindicação das perdas salariais, mas também pelas melhores condições de trabalho para atender aos seus filhos”.
MARIA LAURA GOMES
Folha 1