Situação e oposição volta a se manifestar nesta quarta-feira na Venezuela
Homem fotografa nesta quarta-feira (1º) um ônibus queimado no dia anterior em Caracas — Foto: AFP/Matias Delacroix
Na terça-feira, oposicionista mobilizou protesto para tentar derrubar governo chavista, e houve confronto com forças de segurança. ONGs relataram que houve uma morte no interior ligada aos protestos.
O autoproclamado presidente interino Juan Guaidó postou logo cedo nesta quarta-feira (1º) uma mensagem no Twitter instando os opositores de Nicolás Maduro a saírem às ruas novamente na Venezuela no Dia do Trabalhador. “Seguimos com mais força que nunca”, disse.
Por volta das 11h30 (hora de Brasília), já havia relatos em redes sociais de repressão das forças de segurança a manifestantes oposicionistas em Caracas.
A tentativa de alavancar novas mobilizações vem na sequência de um dia de distúrbios na Venezuela, depois que Guaidó tentou liderar um levante militar (leia mais ao final da reportagem). A ONG Foro Penal contabilizou 119 detidos pelo país na terça-feira. As organizações Provea e Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais, por sua vez, relataram uma morte no interior do país (mais detalhes abaixo).
Maduro escreveu uma mensagem sobre o 1º de maio no Twitter em que afirma que a classe trabalhadora sempre terá nele um presidente “que sempre defenderá seus direitos e revindicações, fazendo frente ao império e seus lacaios, que pretendem tirar nossas conquistas”. “Fracassarão. Nós venceremos!”, afirmou.
Integrantes da milícia bolivariana desfilam diante do Palácio Presidencial de Miraflores nesta quarta-feira (1º), em apoio o governo de Nicolás Maduro — Foto: AFP/Yuri Cortez
Na terça-feira (1º), o presidente autoproclamado apareceu com outro líder oposicionista, Leopoldo López, que estava em prisão domiciliar, e um grupo de soldados desertores, perto da base aérea La Carlota, considerada estratégica para a Venezuela, nas primeiras horas da manhã.
O líder oposicionista afirmava que conquistou o apoio dos militares venezuelanos, o que o regime chavista rechaçou. Houve confronto, e dezenas de pessoas ficaram feridas – a imprensa local cita 57.
A ONG Provea afirma, ainda, que um homem de 24 anos, identificado como Samuel Enrique Méndez, morreu na terça-feira durante protestos ocorridos no estado de Aragua.
A informação não foi confirmada por fontes oficiais, mas um deputado oposicionista postou em rede social um vídeo que mostra um grupo de jovens andando por uma rua carregando o corpo que seria de Samuel, cantando o hino nacional venezuelano.
Apoiadores de Maduro fazem vigília na frente do Palácio de Miraflores, em Caracas, nesta quarta-feira (1º) — Foto: AFP/Yuri Cortez
Maduro diz que militares pró-Guaidó foram pagos
No fim do dia, Maduro afirmou que os militares que apoiaram Guaidó foram pagos pela oposição. O chavista ainda negou que tenha perdido respaldo das Forças Armadas e o controle da base de La Carlota.
“La Carlota nunca foi tomada. Ela esteve e continuará sob alerta total”, declarou Maduro.
López acabou se abrigando na residência da missão diplomática do Chile em Caracas, acompanhado por sua mulher e uma filha do casal. À noite mudou-se para a Embaixada da Espanha.
Ao lado de Leopoldo López, Juan Guaidó fala a multidão de cima de um carro em Caracas, após convocar o povo às ruas contra Maduro — Foto: Cristian Hernández/AFP
Rússia reage a acusação americana
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia rejeitou nesta quarta a alegação de Washington de que Moscou havia convencido Maduro a não fugir diante dos protestos.
Quando solicitada a comentar os comentários de Pompeo, Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, disse à agência Reuters que eles faziam parte de uma “guerra de informação”.
O Kremlin já havia acusado os Estados Unidos de tentarem fomentar um golpe na Venezuela, um aliado próximo da Rússia, e de tentar desmoralizar o exército espalhando notícias falsas.
Pompeo voltou a falar sobre a Venezuela nesta quarta. Ele afirmou que os EUA estavam preparados para tomar medidas militares para conter a turbulência em curso no país.
“A ação militar é possível. Se isso é o que é necessário, é isso que os Estados Unidos farão ”, disse Pompeo em uma entrevista à Fox Business Network, mas acrescentou que os Estados Unidos prefeririam uma transição pacífica de poder.
Por: G1