Fátima Castro relembra trajetória dos 30 anos da Irmãos da Solidariedade em programa de rádio
“O abandono é pior que a própria doença”. Esta frase é de Fátima Castro, presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, instituição dedicada ao acolhimento, prevenção e tratamento de portadores do vírus HIV/Aids. A entidade, que completou três décadas em 2018, é a única instituição da região que assiste, com diversos serviços médicos, os pacientes. No dia do aniversário da assistente social, comemorado nesta segunda-feira (15), ela foi a entrevistada da primeira edição do programa Folha no Ar, da rádio Folha FM 98.3, e relembrou a trajetória dos últimos 30 anos à frente da casa.
A história da associação começou quando uma mulher foi à procura de Fátima, na residência dela, para pedir ajuda. Sem saber que a moça era portadora do vírus, a assistente social foi em busca de auxílio. Neste meio-tempo, foi detectada a doença.
— Foi o primeiro caso de uma mulher com HIV em Campos. Minha família era contra, mas precisava ajudar aquela mãe de seis filhos. Ela morreu, e eu comecei minha trajetória — disse.
Foto: Divulgação
Fátima contou que alugou uma casa em Nova Brasília para o acolhimento dos que a procuravam, mas, após oito meses, ao saber que o imóvel estava sendo utilizado por portadores do HIV, o proprietário pediu a residência e ateou fogo. Para dar continuidade ao trabalho, a assistente social buscou outra sede. Desta vez, no Jardim Carioca, em Guarus, onde fixou definitivamente a casa da Associação Irmãos da Solidariedade, mesmo recebendo de início a resistência de alguns vizinhos.
— Nós percebemos que, muito mais que tratamento, essas pessoas precisam de atenção e carinho. São pessoas que perderam tudo, que estão à margem da sociedade e frágeis. Atendemos em torno de 120 pessoas, mas, na casa, temos 40 leitos, com 38 pessoas morando no local — informou.
Na entidade, atualmente, trabalham 40 profissionais, com funcionamento de 24 horas por dia, de segunda a segunda. “Nós matamos um leão por dia para atender a todos e não deixar ninguém sem assistência”, destacou.
Durante a entrevista, a presidente fez um alerta sobre a falta de prevenção e o consequentemente crescimento do número de jovens portadores do vírus. “Essa nova geração está tendo um número elevado de novo por conta da falta de cuidado. Eles não viram o que é a Aids nos anos 70, 80. Eu lido com isso diariamente, e os jovens dessa mais nova geração não estão se prevenindo”.
A referência da Associação Irmãos da Solidariedade se dá pelo fato de ser a única casa de apoio do Estado do Rio de Janeiro com pacientes residentes, atendimento ambulatorial com médicos e enfermeiros durante todo o dia, entre outros serviços assistenciais e médicos.
Poder público — Fátima Castro contou que diversos prefeitos já foram à entidade para conhecer os serviços prestados. Ela destacou o papel do ex-prefeito Arnaldo Viana durante sua gestão:
— Arnaldo Viana foi um pai. Ajudou com a equipe de profissionais. Sempre que podia, ele ia à unidade. Sempre ajudou com o que nós precisássemos. De todos, a única com que não tive uma abertura foi a ex-prefeita Rosinha. Falei com secretários, mas não tinha abertura com ela. (O deputado federal) Wladimir Garotinho já visitou nossa associação; Rafael Diniz também. Lido com ele diretamente. Então, não tenho nada contra ninguém, mas tudo o que fizerem pela Associação Irmãos da Solidariedade, eu faço questão de lembrar.
Por: CATARINE BARRETO
Folha 1