Atualizado: Cabral revela como Garotinho adquiria veículos de comunicação para atender a seus interesses e revela nome de “laranja”
Ex-aliados, Cabral diz que dinheiro de propina foi usado por Garotinho para adquirir veículos de comunicação.
Em depoimento à Justiça Federal, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), agora réu confesso, disse nesta sexta-feira (5) que a propina de empresas de transportes no estado do Rio de Janeiro começou no governo Moreira Franco (MDB), passando ainda pelos governos de Leonel Brizola e Anthony Garotinho. Sobre Garotinho e a esposa, Rosinha Garotinho, Cabral afirmou que a caixinha da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio) continuou no Executivo, supostamente administrada por Jonas Lopes de Carvalho e Augusto Ariston.
Cabral contou como teria ocorrido o esquema durante a gestão Garotinho, quando ele estava como presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
— Com o dinheiro da Fetranspor, Garotinho comprou a TV Band no Sul Fluminense. Usa uma pessoa chamada Mauro como um testa de ferro, tem um jornal O Diário, que é do Mauro mas na verdade é dele (Garotinho), e eu continuo presidente da Alerj cuidando da caixinha da Fetranspor nesse período — disse Cabral.
Segundo Cabral, a caixinha da Fetranspor começa na gestão de Moreira Franco, entre 1987 e 1990. Ainda de acordo com o ex-governador, preso desde novembro de 2016, no governo Brizola, coube a Pedro Valente, que era secretário de Transportes, a suposta administração da caixinha. Valente teria o “aval” de Brizola, que morreu em 2004.
Já em fevereiro de 1995, no governo Marcelo Alencar, que morreu em 2014, Cabral foi eleito presidente da Alerj e assumiu a administração da caixinha. O ex-governador contou, ainda, que o esquema continuou no governo Garotinho e o seguinte, da esposa, Rosinha.
A audiência em que a Cabral fez as mais recentes revelações é sobre a operação Ponto Final, que investiga irregularidades no setor de transportes. Réu confesso, o ex-governador disse logo no início da audiência que chegava para depor “com o coração aberto”.
As publicações do jornal “O Diário” atendiam as determinações de Garotinho, sendo este inclusive, distribuído gratuitamente várias vezes em períodos de campanhas eleitorais , como se pode ver na foto a cima, onde uma suposta pesquisa apontava o candidato de Garotinho em primeiro lugar, sendo que o que se viu nas urnas eleitorais, foi uma superioridade do candidato Rafael Diniz eleito o prefeito de Campos, com mais de 70. 000 votos a frente do segundo colocado, o candidato de Garotinho, Dr. Chicão.
Citados por Cabral com relação a Garotinho — O jornal O Diário está fechado. O Mauro citado por Cabral seria o jornalista Mauro Silva, ex-vereador, ex-secretário de Comunicação no governo municipal de Rosinha, em Campos, e que participou da instalação de O Diário no município.
Jonas Lopes foi indicado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) pelo então governador Garotinho, em 2000. Advogado formado pela Faculdade de Direito de Campos e filho do criminalista Jonas Lopes de Carvalho, já foi procurador-geral da Prefeitura de Campos e presidiu o TCE entre 2011 e 2016.
Augusto Ariston foi secretário da Casa Civil no governo Garotinho e de Transportes, no governo Rosinha.
Contatos — A Folha tentou contato com o ex-governador Garotinho, por telefone, mas ele não atendeu até o momento. Por WhatsApp, foi solicitado um posicionamento do ex-governador. Também foi tentado, sem sucesso, contato com Mauro Silva.
Por: ARNALDO NETO E ALDIR SALES
Folha 1
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