Flagrante raríssimo mostra 40 cachalotes gigantes nadando em SP; veja vídeo
Pesquisadores de avião fizeram um registro raro de um grupo de 40 cachalotes (Physeter macrocephalus) a mais de 300 quilômetros das praias do litoral de São Paulo. Os animais, que podem atingir até 18 metros de comprimento e pesar até 57 toneladas, foram encontrados durante o monitoramento na área de exploração de petróleo do pré-sal.
Foto:Record Litoral
Os cachalotes são mamíferos aquáticos que, apesar de seu tamanho, não são baleias. Os que foram capturados estavam em deslocamento na superfície, próximo ao final da Bacia de Santos, onde a profundidade é superior a 2 mil metros.
A espécie ocorre em todos os oceanos e é classificada como vulnerável à extinção pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
“Em termos de registro, é raro, estamos estudando seu comportamento, uma vez que geralmente estão concentrados na encosta [região de declive] da plataforma continental [porção mais rasa, até 200 metros de profundidade], mais na região sul” explica O biólogo socioambiental José Olímpio da Silva Júnior, que faz pesquisa a pedido da Petrobras.
A Petrobras é obrigada por lei a avaliar possíveis impactos da extração de petróleo. Baleias cachalote foram registradas durante a 8ª Campanha de Levantamento Aéreo do Projeto de Monitoramento de Cetáceos (PMC), realizada no primeiro trimestre deste ano pela consultoria.
Olímpio explica que biólogos e oceanógrafos viajam por toda a Bacia de Santos – que inclui as costas de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro – em um avião de mais de uma semana, se o tempo permitir.
Vejam a cobertura da Rede Record:
Os vôos feitos nessas áreas são diários, com cinco horas de duração, e visam localizar e registrar o comportamento dos cetáceos – mamíferos aquáticos – cujos animais mais conhecidos são baleias e golfinhos.
Outro registro raro feito durante as obras foi em 2017 também no litoral paulista de quatro baleias azuis (Balaenoptera musculus) – considerado o maior animal do planeta a atingir até 30 metros de comprimento e pesar até 180 toneladas. Os avistamentos anteriores desta espécie na costa brasileira ocorreram na década de 1960.
Pelo menos 38 espécies foram identificadas nesta área de exploração desde o início do monitoramento em 2015. Além do sobrevôo, os pesquisadores registram através de expedições de navios, onde navegam por mais de um mês para filmar, fotografar e capturar sons desses animais.
“Nesses vasos, também rebocamos um cabo de hidrofone que faz a gravação sonora [submergida]. Nosso objetivo no futuro é poder identificar com precisão a espécie, simultaneamente, através da observação visual e acústica, justamente para aprofundar o conhecimento”, explica. o coordenador do projeto.
Os profissionais também conectam transmissores a alguns desses animais para que eles possam ser rastreados remotamente para entender exatamente de onde eles vêm e para onde estão indo. A coleta de dados desse monitoramento é complementada pela coleta de material genético, que é analisado em laboratório mais tarde pela equipe.
Apesar do projeto de três anos, os pesquisadores acreditam que levará duas décadas para avaliar a existência ou não de impactos das unidades de petróleo. Este trabalho ocorre paralelamente ao Projeto Monitoramento da Praia, que é realizado nas praias dos quatro estados que abrangem a Bacia de Santos e estuda e resgata feras encalhadas, vivas ou mortas.
O biólogo José Olímpio lembra que os cachalotes diferem das baleias justamente por terem dentes, então são classificados como grandes cetáceos. A espécie se tornou popular, como foi descrito no clássico romance de Herman Melville Moby Dick, que conta a história do ataque a uma embarcação baleeira e aos destroços que deixaram 20 tripulantes à deriva.
Os cachalotes se alimentam de peixes e lulas que vivem em grandes profundidades. “Eles podem permanecer debaixo d’água por mais de 30 minutos com tranquilidade e se concentrar na região do talude continental, pois é rica em nutrientes devido ao movimento das correntes marítimas”, explica o coordenador do projeto.
O predador natural é a Orca (Orcinus orca), mas a principal ameaça é a captura acidental em redes de pesca e a colisão com grandes embarcações em alto mar. A caça de animais da espécie ocorreu até a segunda metade do século 20, segundo os pesquisadores, para se obter petróleo e uma substância que proporcionasse a iluminação das cidades.