Mais antigo botequim de Campos em atividade fecha suas portas
Em funcionamento há quase um século na 21de Abril, em 2014 foi tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam) como patrimônio imaterial histórico e cultural do município. O presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC), Wellington Cordeiro, lamentou o fato e destacou que “ele é muito mais que um bar, é um ambiente de promoção de cultura que garante uma convivência democrática entre os frequentadores. O bar agrega desde o gari ao empresário, une partidários de esquerda e de direita, flamenguistas e vascaínos, torcedores do Americano e do Goytacaz, em uma convivência harmônica numa época em que as diferenças estão tão marcantes e quando há tanta discórdia. Esse é um aspecto que a gente, sem dúvida, deve valorizar e cultuar”.
O também jornalista Orávio de Campos Soares, ex-presidente do Coppam, ressaltou que o botequim é o último dos vários que já existiram no Centro Histórico de Campos. Tinha como características peculiares o atendimento no balcão e o cardápio, formado por iscas como miúdos bovinos e linguiças, estas adjetivadas por ele como “aquelas delícias”. “Ao Gato Preto independe de status social. Ele recebe gente de todas as camadas. É lamentável que tenha que deixar o seu ponto tradicional”, destacou.
Em 28 de janeiro deste ano, o dono de Ao Gato Preto José Carlos Barbosa, mais conhecido como Zé Psiu, faleceu e o bar está sendo, desde então. tocado pelo filho Paulo Sérgio. Diante do aumento do preço do aluguel na rua 21 de Abril, se viu obrigado a procurar outro local. “Vamos mudar de endereço, mas o atendimento será o mesmo. Vou manter a tradição herdada de meu pai. Lá ele se chamará Bar do Zé Psiu”, explicou Serginho.
O radialista Ailton Junior, também frequentador do bar, lamentou a perda do local, mas assegurou que continuará fiel Ao Gato Preto: “Campos a cada dia que passa vai perdendo suas histórias, memórias, lugares tradicionais. A 21 de Abril não será mais a mesma sem a presença do Gato Preto. Mas vida que segue, agora é mudar de rota e frequentar o novo espaço lembrando sempre da figura de Zé Psiu. Não resta outra alternativa, mas isso é muito triste. Afinal, são anos e anos naquele tradicional local.” O pedreiro José Carlos dos Santos, que há mais 30 anos frequenta o bar, se mostrou aborrecido com o fato, enquanto tomava cerveja. “Que bom se o Gato Preto permanecesse aqui. Mas, infelizmente, isso não é possível. Mas posso dizer que irei onde estiver”, disse.
Por: CELSO CORDEIRO FILHO
Folha 1