Casos de cólera são registrados em região afetada por ciclone em Moçambique

Mulher prepara comida em Beira, Moçambique, área afetada pelo ciclone Idai — Foto: CARE International/Josh Estey via Reuters

Casos de cólera têm sido relatados na cidade portuária de Beira, atingida pelo ciclone Idai na semana passada. Por causa disso, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e da Crescente Vermelha (IFRC, na sigla em inglês) expressou em comunicado nesta sexta-feira (22) a preocupação com as equipes de auxílio que estão em Moçambique.
Sobreviventes do ciclone Idai recebem instruções de voluntários da Cruz Vermelha em Beira, em Moçambique — Foto: Denis Onyodi/Red Cross Red Crescent Climate Centre/Handout via Reuters

Sobreviventes do ciclone Idai recebem instruções de voluntários da Cruz Vermelha em Beira, em Moçambique — Foto: Denis Onyodi/Red Cross Red Crescent Climate Centre/Handout via Reuters

“Alguns casos de cólera já foram relatados em Beira com um aumento no número de infecções por malária entre as pessoas ilhadas pelas inundações”, diz o comunicado.

O cólera se espalha pela contaminação de água ou comida por fezes, e surtos podem se desenvolver rapidamente durante crises humanitárias em que os sistemas de saneamento entram em colapso. A doença pode matar dentro de horas, caso não haja tratamento.

Escassez de alimentos e água em Beira

Inundação causada por ciclone atinge subúrbio de Beira, segunda maior cidade de Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Inundação causada por ciclone atinge subúrbio de Beira, segunda maior cidade de Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

O ciclone Idai se abateu sobre Beira, cidade de 500 mil habitantes, com ventos fortes e chuvas torrenciais na semana passada, e depois seguiu terra adentro rumo ao Zimbábue e ao Malaui.

Em Moçambique, 242 pessoas foram mortas pela tempestade e pelas inundações resultantes, segundo o saldo de mortes oficial, que se acredita poder aumentar. No Malaui, cerca de 56 pessoas morreram, e o Zimbábue registrou 259 mortes.

Cerca de 15 mil pessoas ainda estão desaparecidas em Moçambique, disse o ministro da Terra e do Meio Ambiente, Celso Correia, na quinta-feira.

Pessoas preparam comida em região afetada por ciclone em Moçambique — Foto: Emma Rumney/Reuters

Pessoas preparam comida em região afetada por ciclone em Moçambique — Foto: Emma Rumney/Reuters

Ao instruir sua equipe na noite de quinta-feira, Connor Hartnady, líder de uma força-tarefa de operações de resgate da Resgate África do Sul, disse que os moradores de Beira estão ficando fartos com a escassez.

“Houve três incidentes de segurança hoje, todos relacionados à comida”, disse ele à sua equipe, sem dar maiores detalhes.

Rios transbordaram

Pessoas ilhadas em enchente do Rio Buzi após passagem de ciclone em Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Pessoas ilhadas em enchente do Rio Buzi após passagem de ciclone em Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Hartnady também disse que um grupo de 60 pessoas foi descoberto preso por águas das enchentes em uma área ao norte de Beira durante um voo de reconhecimento. Equipes de resgate e o governo estão decidindo a melhor maneira de ajudá-las, explicou, retirando-as pelo ar ou levando suprimentos.

As chuvas torrenciais da tempestade causaram o transbordamento dos rios Buzi e Pungwe, cujas fozes estão na área de Beira.

Criança é transportada dentro de geladeira em Buzi, região próxima a cidade de Beira, em Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Criança é transportada dentro de geladeira em Buzi, região próxima a cidade de Beira, em Moçambique — Foto: Siphiwe Sibeko/Reuters

Estradas que levam a Beira foram bloqueadas pela tempestade, e a maior parte da cidade está sem energia. A Cruz Vermelha estimou que 90% dela foi danificada ou destruída pela tempestade.

O Ministério da Informação zimbabuano disse que ao menos 30 estudantes, dois diretores e um professor de três escolas estão desaparecidos na região leste do país.

Na capital Harare, a falta de diesel cria longas filas. No início desta semana surgiram relatos de que uma sala de controle do oleoduto de Beira, que transporta combustível vindo do Zimbábue, foi danificada.

Por Reuters

G1

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