Vídeos: mar avança em Atafona SJB e derruba muro da tradicional casa de Sônia Ferreira
Mais uma referência em Atafona começa a ser atingida diretamente pela força do mar. Na tarde desta quinta-feira (21), as revoltas águas de março derrubaram parte do muro da casa de Sônia Ferreira. Uma referência em Atafona, ao lado do antigo prédio do Julinho, a residência da filha do ex-deputado federal Alair Ferreira (1920-1987) foi palco durante muitos anos da famosa festa de Carnaval “Atafolia”.
Minutos antes de o mar derrubar o muro, Sônia usou o seu perfil nas redes sociais para mostrar o estrago que o mar estava fazendo. Segundo ela, o avanço começou a ficar mais intenso nesta quarta-feira (20), com o início da lua cheia. “Foi tudo muito rápido. Fiz a foto e um vídeo e o muro estava de pé. Logo depois, caiu”, contou Sônia.

O avanço do mar na praia de Atafona já é notícia, ao menos, desde a década de 1950, quando foi noticiado pelo extinto jornal campista Folha do Povo, em 17 de fevereiro de 1959. E desde lá, existia a expectativa sobre um “espigão” para salvar o Pontal. Depois de 60 anos, a esperança é a mesma.
Há 10 anos, o prédio do Julinho caiu. Durante esse tempo, as ruínas do edifício funcionaram como uma espécie de um pequeno “quebra-mar” para a casa vizinha, de Sônia Ferreira. Mas, sem nenhuma outra tentativa de obstrução, o mar venceu novamente. E, como mostra o vídeo de Sônia Ferreira, sua casa não é a única atingida pela força das ondas:
Entre 2013 e 2014 surgiu uma esperança, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) garantiu a viabilidade de um projeto para ser desenvolvido na praia sanjoanense. Só que, até hoje, as discussões ainda são burocráticas. A prefeita Carla Machado (PP) chegou a apresentar o documento ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), mas, até o momento, nenhuma resposta foi dada. Isso sem falar nas inúmeras “caravanas” de parlamentares que foram até Atafona para “assistir” ao avanço do mar e prometer “ajudar como puder” (o que, na maioria das vezes, representa não fazer nada).
Vários movimentos sociais foram criados em Atafona na tentativa de mobilizar as autoridades com relação à questão do avanço do mar. Manifestações foram feitas em diversos pontos do município e um abaixo-assinado virtual chegou a ser criado. E nenhuma intervenção prática ocorreu ainda. Neste ano, em fevereiro, o SOS Atafona — um dos movimentos criados por iniciativa popular — foi oficializado, ganhando personalidade jurídica. Sônia Ferreira, inclusive, é vice-presidente da associação, fundada em reunião que aconteceu na casa dela. Dentre as metas do SOS Atafona está a viabilidade de uma intervenção para contenção do avanço do mar.
O blog tenta contato com a Prefeitura de SJB para saber das medidas da Defesa Civil com relação ao avanço do mar. Na praia do Açu, extremo sul do litoral sanjoanense, também há imagens que registram os estragos da força das águas.
Arnaldo Neto
Por: Folha 1