Mangueira é a campeã do carnaval 2019 do Rio.
Escola recontou a história do Brasil a partir de heróis negros e índios. Viúva de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em março do ano passado, desfilou na última ala.
Terceiro carro alegórico da Mangueira abordou o Quilombo dos Palmares — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
A Mangueira é a grande campeã do carnaval 2019 do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano foram rebaixadas.
O G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (6), diretamente da Marquês de Sapucaí.
Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.
O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.
Integrantes da Mangueira comemoram nota na apuração do carnaval 2019 — Foto: Marcos Serra Lima
Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira, durante a apuração das notas — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Quadra da Mangueira em festa durante a apuração das notas — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
“A gente passou a mensagem que a gente queria”, comemorou a rainha de bateria Evelyn Bastos, destacando que a escola exaltou a história do povo negro.
Destaques do desfile
- O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil
- Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos
- O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala
Mangueira – Grupo Especial (RJ) – Íntegra do desfile de 04/03/2019
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Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha.
Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos.
Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no Maranhão.
Outro momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por mulheres.
Carro alegórico da Mangueira é empurrado apenas por mulheres
O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região.
As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira simbolizou “A história que a história não conta”, mais uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas.
Última ala do desfile da Mangueira — Foto: Marcos Serra Lima/G1
No aquecimento, Evelyn Bastos, da Mangueira, samba à frente da bateria — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Destaques do carro abre-alas da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1
Ala da Mangueira faz homenagem a Luiz Gama — Foto: Fábio Tito/G1
Carro alegórico “O sangue retinto por trás do herói emoldurado”, da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1