Confronto entre indígenas e militares deixa mortos na Venezuela; feridos são transportados para Roraima
Confronto ocorreu a cerca de 70 km da fronteira com o Brasil, que está fechada por ordem de Nicolás Maduro. Guardas permitiram a passagem de ambulâncias com feridos.
Venezuelano ferido chega a hospital em Boa Vista — Foto: Pedro Barbosa/G1 RR
O local do incidente fica a cerca de 70 km de Santa Elena de Uairén, na fronteira com o Brasil, que está fechada por ordem do presidente Nicolás Maduro. Apesar do bloqueio na fronteira, por volta das 9h locais desta sexta (10h, pelo horário de Brasília), os guardas liberaram a passagem para o lado brasileiro de duas ambulâncias venezuelanas com pessoas feridas no incidente. Os indígenas foram levados ao Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, a 215 km da fronteira.
Fronteira da Venezuela com o Brasil segue fechada após ordem de Maduro.
Segundo o deputado venezuelano Americo De Grazia, da oposição, um segundo indígena ferido no incidente morreu no hospital de Pacaraima. No entanto, o hospital não confirmou a informação.
Familiares dos pacientes disseram ao G1 que o Exército venezuelano disparou contra indígenas que pediam para que a fronteira fosse aberta e, assim, recebessem a ajuda humanitária.
A mulher de um dos feridos levados para Boa Vista contou que, por volta de 2h desta sexta, um comboio da Guarda Nacional queria passar pela região, mas foi impedido. “Vieram depois com mais força e fizeram disparos. Nem todos estavam longe. Mais de 14 pessoas ficaram feridas. Uma pessoa morreu”, afirmou.
Dois feridos em confronto dentro da Venezuela chegam a Boa Vista — Foto: Pedro Barbosa/G1 RR
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de Roraima (Sesau) cinco pacientes chegaram feridos por armas de fogo, acompanhados de uma médica venezuelana. Três deles foram para o centro cirúrgico da unidade e dois recebem atendimento no setor do grande trauma.
Guaidó marcou para este sábado a passagem de ajuda humanitáriadoada por outros países, entre eles o Brasil. Voluntários irão em caravanas às fronteiras terrestres e marítimas do país para ajudar. Mas Maduro se nega a receber ajuda internacional, que segundo ele representa um pretexto para uma invasão militar à Venezuela e subsequente golpe para tirar o chavismo do poder.
O deputado opositor Ángel Medina afirmou à agência Associated Press que, horas depois do incidente em Kumarakapay, dezenas de guardas nacionais reprimiram com gás lacrimogêneo um protesto em Santa Elena de Uairén.
Na expectativa de cruzar a fronteira, pessoas aguardam diante de paredão de soldados venezuelanos em Pacaraima (RR) — Foto: Ricardo Moraes/Reuters.
Infográfico sobre ajuda humanitária à Venezuela — Foto: Igor Estrella/G1
Fronteira Venezuela-Colômbia
Sob alegação de que a ajuda não é necessária, Maduro se recusou a permitir auxílio internacional na Venezuela, apesar de prateleiras de supermercados muitas vezes vazias, longas filas para alimentos subsidiados pelo governo e hospitais carentes de suprimentos básicos e remédios.
O líder da oposição, Juan Guaidó, reconhecido como líder legítimo da Venezuela por dezenas de países, deixou Caracas em uma comitiva de simpatizantes na quinta-feira, prometendo garantir pessoalmente a entrada de ajuda na Venezuela.
Guaidó, que invocou a Constituição para assumir uma presidência interina em janeiro e que denuncia Maduro como usurpador, não deu detalhes sobre seus planos. Analistas políticos especulam que soldados venezuelanos podem barrar o caminho.
Por G1