Em reunião, Onyx diz a Bebianno que ele fica no cargo

Ministro da Secretaria-Geral da Presidência é personagem de crise envolvendo Jair Bolsonaro e estava ameaçado de demissão.
Um dia após a posse, o presidente Jair Bolsonaro participou de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Um dia após a posse, o presidente Jair Bolsonaro participou de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo.

Para afastar os rumores de que estaria fragilizado no cargo, o ministro disse ao GLOBO, na terça-feira, que mantinha contato frequente com o presidente, por WhatsApp. Filho mais próximo do presidente, o vereador carioca Carlos postou nas redes sociais, na quarta-feira, um áudio do presidente para tentar desmentir o ministro da Secretaria-Geral.

O filho do presidente, que não tem função formal no governo, postou a gravação no começo da tarde, enquanto o pai voava de São Paulo a Brasília, para mostrar a seus seguidores que o ministro teria mentido, ao dizer que teria conversado com Bolsonaro. Anda na quarta, o próprio Bolsonaro replicou a mensagem do filho, que chamava Bebianno de mentiroso.

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Foto: R7

O presidente concedeu uma entrevista em que também acusou o ministro de faltar com a verdade. Bolsonaro anunciou que pediu a Sergio Moro a entrada da Polícia Federal no caso e chegou a dizer que se o ministro estiver envolvido no uso de candidatos do PSL como laranjas na campanha eleitoral de 2018, ele deverá sair do governo.

– Se tiver envolvido (Bebianno), logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens.

A decisão do presidente da República de defenestrar um de seus principais ministros, com gabinete no próprio Palácio do Planalto, desagradou a ala do governo mais conservadora, que preferia discutir desavenças internamente. O fato de Bolsonaro ter chamado o ministro de mentiroso e sinalizado sua possível exoneração na TV, sem sequer ter tratado com o auxiliar do caso, também mostrou aos aliados que o presidente não teria reservas em abandonar companheiros, caso se sinta ameaçado.

Recebida por Bolsonaro nesta sexta-feira, a deputada Joice Hasselmann disse ontem que a crise envolvendo o ministro e o filho do presidente deixou “todo mundo dentro de uma saia muito justa”.

–  É preciso que se decida por alguma coisa, seja para um lado, para o outro. O que não dá é para ficar nessa instabilidade, respirando esse ar que é tão denso, tão pesado, que parece que você consegue cortar o ar com a tesoura – afirmou Joice.

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Foto: CBN

‘Não sou moleque’

Nesta quinta-feira, porém, depois de ser chamado de mentiroso pelo próprio presidente, Bebianno deu uma entrevista à revista Crusoé em que transmitiu recados diretos ao presidente. Além de dizer que Carlos Bolsonaro “não é nada no governo” e indiretamente chamá-lo de “moleque”, Bebianno fez questão de dizer ao presidente que não era um ministro qualquer.

“Não sou moleque, e o presidente sabe. O presidente está com medo de receber algum respingo. Ele foi um mero candidato. Ele não participou de Executiva, ele não tinha mando no partido. Ele não tem responsabilidade nenhuma”, disse Bebianno.

O ministro passou a quinta-feira recluso em seu flat num hotel a menos de 500 metros do Palácio da Alvorada, mas não foi convocado por Bolsonaro para ter uma conversa e acabar com a crise. Coube ao ministro da Casa Civil e aos ministros militares o papel de mediação na crise.

O ministro, depois de conquistar apoio político no Congresso, inclusive com declarações em sua defesa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, segue no cargo, mas os desgastes na relação com Bolsonaro permanecem, avaliavam ontem auxiliares palacianos.

Jussara Soares

Por: O GLOBO

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