ANÁLISE: Coletes amarelos chegam com baixa adesão a Portugal

Polícia cerca grupo de manifestantes que bloquei rua ao lado da praça Marquês de Pombal nesta sexta-feira (21) em Lisboa — Foto: Armando Franca/AP Photo

Polícia cerca grupo de manifestantes que bloquei rua ao lado da praça Marquês de Pombal nesta sexta-feira (21) em Lisboa — Foto: Armando Franca/AP Photo

Inspirados nos protestos que geraram confrontos durante cinco semanas na França e forçaram o presidente Emmanuel Macron a aumentar o salário-mínimo, os coletes amarelos portugueses foram convocados por Facebook e redes sociais e se disseram apartidários. Sem interlocutores claros, logo foram vinculados à extrema-direita.

E a memória dos 48 anos de regime salazarista afasta os portugueses e deixa, até agora, o país imune à ação de partidos populistas de extrema-direita, na contramão da grande maioria de seus vizinhos europeus.

As reivindicações do movimento aglutinam um naipe tão diverso quanto confuso de demandas: aumento do salário-mínimo de 600 para 700 euros, redução de aposentadorias acima de 2.000 euros, reforma do sistema de saúde, corte de impostos, direito à habitação, fim da corrupção e um Parlamento mais enxuto, entre outras.

Como definiu o ex-deputado Francisco Louçã, ex-dirigente do Bloco de Esquerda, “propõem mais ou menos tudo e o seu contrário”. A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses também se descolou dos coletes amarelos. Seu presidente, Arménio Carlos, chamou os protestos de populistas e anárquicos e ressaltou a participação da extrema-direita, que se “utiliza das reivindicações da esquerda” para ter alguma influência.

Há três anos, o país é governado por uma coalizão de esquerda, liderada pelos socialistas, também conhecida como “geringonça”, que junta, de forma inédita no Parlamento, o Partido Comunista Português, o Bloco de Esquerda e Os Verdes.

Esta coligação bem-sucedida, contudo, não exime a incidência de greves de categorias profissionais que abarcam juízes, bombeiros, enfermeiros ou professores. Ao contrário, em 2018, o número de paralisações dobrou em relação ao ano em que António Costa foi eleito premiê.

Por Sandra Cohen, G1 — Lisboa

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