RIO – A Polícia Civil do Rio descobriu um plano para assassinar o deputado estadual Marcelo Freixo. O parlamentar, segundo mais votado para deputado federal na eleição de outubro (com 342.491 votos), é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e conta com proteção policial desde 2008, depois de receber inúmeras ameaças concretas de morte após presidir a CPI das Milícias. Agora, a Polícia Civil montou um relatório confidencial que aponta um novo plano para executar o parlamentar.
O documento foi revelado pelo jornal O Globo, nesta quinta-feira (13). Segundo a reportagem, os três homens são ligados a um grupo de milicianos da Zona Oeste, investigado pela Divisão de Homicídios (DH) pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.
De acordo com as investigações, a execução do parlamentar já tinha data, hora e local para acontecer. Seria no próximo sábado (15), durante uma agenda em Campo Grande, onde Freixo encontraria com militantes e professores da rede particular de ensino, no sindicato da categoria.
Os detalhes da atividade do parlamentar foram divulgados nas redes sociais e eram públicos. Após revelação do documento, ele cancelou o compromisso.
Freixo: o parlamentar seria assassinato por milicianos envolvidos na morte de Marielle (Ricardo Moraes/Reuters)
No Twitter, Freixo disse que a ameaça não é só direcionada a ele, mas principalmente, ao regime democrático. Desde 2008 ele conta com segurança reforçada.
E falou ainda: “sou dep. estadual eleito e estou sendo ameaçado mais uma vez. Não é uma ameaça ao Freixo, mas à democracia. Não é uma questão pessoal, é muito mais que isso. A Zona Oeste está hoje sendo governada pelo crime”.
Desde 2008, quando presidi a CPI das Milícias, passei a contar com proteção policial por receber inúmeras ameaças concretas de morte. Apresentei medidas para o enfrentamento dos milicianos. O que foi feito? Nada.
Revelação
O documento da polícia carioca vem à tona no mesmo dia em que os agentes prenderam os primeiros envolvidos no caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, que completam noves meses nesta sexta-feira (14).
Os agentes fizeram prisões e busca e apreensões em 15 endereços espalhados por vários lugares do Rio e fora do estado. Os alvos foram os milicianos.
Trajetória
Marcelo Freixo começou sua militância como professor no sistema prisional, em 1989, e também foi defensor da luta por cidadania para os moradores de favelas.
Atualmente, com 51 anos, ele foi o segundo deputado federal mais votado no Rio de Janeiro, com 342.491 votos, pela legenda do PSOL. Desde 2012, como deputado estadual na Alerj.
Desde que presidiu a CPI das Milícias em 2008, ele passou a contar com proteção policial por conta de ameaças de morte que vinha recebendo. No final da CPI, Freixo pediu o indiciamento de 225 políticos, policiais, agentes penitenciários, bombeiros e civis.
Nesta quinta-feira, ele disponibilizou o link da CPI, que completará dez anos no próximo domingo, para acesso público.
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