Política do RJ agoniza: neste momento 14% dos deputados da ALERJ, se encontram atrás das grades

PF realiza operação e prende deputados que apoiavam esquema criminoso de Cabral.

Sete deputados foram tirados das ruas. Outros três tiveram mais um mandado de prisão somados. Membros do governo do estado, do Detran e assessores da Alerj também são alvos.

Material apreendido pela PF durante operação desta quinta-feira

Material apreendido pela PF durante operação desta quinta-feira – Divulgação

Rio – A Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) tiraram das ruas, na manhã desta quinta-feira, sete deputados estaduais acusados de integrar esquema criminoso comandado pelo ex-governador Sérgio Cabral Filho (MDB). Agentes da PF também cumpriram mandados de prisão contra o ex-presidente da Alerj Jorge Picciani (MDP), que já cumpre prisão domiciliar. O presidente do Detran, Leonardo Silva Jacob, e seu antecessor no cargo, Vinicius Farah, que se elegeu deputado federal nas últimas eleições, estão foragidos. Caso não se apresentem à PF, a prisão temporária será convertida para preventiva.

O grupo é acusado de lavagem de dinheiro, loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual. As autoridades esperam cumprir 22 mandados de prisão e outros 47 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

A ação deve ser realizada em pelo menos 40 locais, entre eles o prédio anexo da Alerj. A operação mira, ao todo, 10 deputados estaduais. Foram presos: Coronel Jairo (MDB), Luiz Martins (PDT), Marcelo Simão (PP), Marcos Vinícios “Neskau” (PTB), André Corrêa (DEM), Marcos Abrahão (Avante) e Chiquinho da Mangueira (PSC).

André Corrêa chega à sede da PF: ele é um dos presos por receber mensalinho e negou acusações – Estefan Radovicz / Agência O Dia

Além deles, Leonardo Mendonça Andrade, chefe do gabinete do deputado Marcos Abrahão (PP), e o chefe do gabinete do deputado André Corrêa (DEM) também foram presos. O último também foi alvo de mandado de busca e apreensão, que resultou na apreensão de uma grande quantidade de dinheiro em sua casa, localizada na Região Oceânica de Niterói, Região Metropolitana do Rio. O atual secretário de governo do Luiz Fernando Pezão, Affonso Monnerat, também foi preso. Em nota, o Governo do Estado declarou que “desconhece os fatos e não teve acesso aos autos do processo”.

Affonso Monnerat, secretário estadual de governo e membro da equipe de transição é um dos presos da operação desta quinta-feira – ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

Os deputados estaduais Edson Albertassi (MDB) e Paulo Melo (MDB), atualmente presos em Bangu, também são alvos de mandado de prisão da operação desta quinta-feira. Além deles, a operação ainda tem mais sete alvos: quatro assessores da Alerj, um membro do Detran, um do Governo do Estado, e o último do grupo Facility/Prol.

Atualmente, André Corrêa é líder da mesa diretora e Chiquinho Mangueira é corregedor da Alerj, responsável por fiscalizar os deputados.

Chiquinho da Mangueira é um dos presos na operação desta quinta-feira – ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

Na sede da PF, André Corrêa negou todas as acusações. Ele entrou aos gritos de “quem não deve não teme” e em uma breve declaração aos jornalistas afirmou que se eleito presidente da Alerj vai retirar o PSol da Comissão dos Direitos Humanos.

“Sigo com a minha candidatura à presidência da Alerj e reafirmo o meu compromisso de, se eleito [presidente da Alerj], retirar o PSol da Comissão de Direitos Humanos e confio na Justiça do meu país e do Estado, sobretudo na justiça divina. Estou tão tranquilo que nem advogado eu tenho”, declarou.

Cinco dos deputados estaduais presos nesta quinta-feira foram reeleitos na eleição do último mês: André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Chiquinho da Mangueira (PSC), Marcelo Simão (PP), Marcos Abrahão (Avante) e Marcos Vinícios “Neskau” (PTB).

A operação

Os deputados são suspeitos de usarem a Alerj a serviço de interesses da organização criminosa do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), que em troca pagava propina mensal (“mensalinho”), que variava de R$ 20 mil a 100 mil reais, durante seu segundo mandato (2011- 2014). Os valores eram pagos em troca de votos em favor de projetos de lei de interesse da organização.

De acordo com as investigações, a propina resultava do sobrepreço de contratos estaduais e federais. As empresas do Grupo Prol ofereciam as vagas de trabalho prometidas aos deputados estaduais pelo Executivo estadual. Em troca, o Poder Executivo estadual garantia ao Grupo Prol contratos vantajosos com órgãos e pessoas jurídicas vinculadas ao Estado.

Além de Cabral, comandavam a organização investigada os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Melo, presos um ano atrás na Operação Cadeia Velha.

A delação de Carlos Miranda, considerado como o operador financeiro do esquema chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral, foi usada como fonte para a denúncia do Ministério Público Federal que levou às prisões dos deputados estaduais do Rio. Ela indica que André Corrêa recebia R$ 100 mil por mês, Marcos Abrahão e Luiz Martins recebiam R$ 80 mil, e Marcos Vinícios “Neskau” recebia R$ 50 mil.

Na denúncia, há também os valores pagos a Edson Albertassi (R$ 80 mil por mês), Chiquinho da Mangueira (mais de R$ 3 milhões), Coronel Jairo (R$ 50 mil por mês), Jorge Picciani (R$ 400 mil por mês), Marcelo Simão (R$ 20 mil por mês) e Paulo Melo (R$ 900 mil por mês).

Nesta quinta-feria, 48 equipes da PF e 35 membros do MPF na 2ª Região (RJ/ES) e MPF/RJ estão participando da ação, que é um desdobramento Operação Cadeia Velha, deflagrada em novembro de 2017, que prendeu o então presidente da Alerj Jorge Picciani, em prisão domiciliar, e os deputados Paulo Melo e Jorge Albertassi, que cumprem pena em Bangu. A operação investigou esquema de corrupção em que os deputados usavam da sua influência para aprovar projetos na Alerj para favorecer as empresas de ônibus e também as empreiteiras.

O nome da operação faz referência a uma sala de reuniões que fica perto do plenário da Alerj, onde os deputados, segundo as investigações, se reuniam para rápidas discussões antes das votações no plenário.

Galeria de Fotos

Material apreendido pela PF durante operação desta quinta-feira DIVULGAÇÃO

Operação Furna da Onça mira deputados da Alerj (foto) por esquema de corrupção, lavagem de dinheiro, loteamento de cargos públicos e mão de obra terceirizada em órgãos da administração estadual DANIEL CASTELO BRANCO / ARQUIVO / AGÊNCIA O DIA

Dinheiro apreendido na casa do chefe do gabinete do André Corrêa DIVULGAÇÃO

Chiquinho da Mangueira é um dos presos na operação desta quinta-feira ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

Presos chegam a sede da Polícia FederalESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

Affonso Monnerat, secretário estadual de governo e membro da equipe de transição é um dos presos da operação desta quinta-feira ESTEFAN RADOVICZ / AGÊNCIA O DIA

André Corrêa chega à sede da PF: ele é um dos presos por receber mensalinho.

Por RAFAEL NASCIMENTO
O DIA

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