Foto: Ralph Braz
O RJ2 da Rede Globo, divulgou nesta segunda-feira (05), novos trechos de interceptações telefônicas, feitas com autorização judicial, que envolvem a cúpula do MDB no Rio de Janeiro. A gravação faz parte das alegações finais apresentadas pelo Ministério Público Federal à Justiça, antes do julgamento da operação Cadeia Velha e envolve de forma explícita os dois políticos.
Em 16 de novembro do ano passado (2017) em uma das conversas interceptadas, Jorge Picciani, então presidente da casa legislativa do Estado, articula para sair da prisão, em conversa telefônica com o deputado sanjoanense, horas antes de se entregar.
Todos os apontados pelo MPF, são filiados ao antigo PMDB, como Jorge Picciani, este, cumprindo prisão domiciliar, Paulo Melo e Edson Albertassi, os dois último, como Picciani no início, no momento ainda se encontram atras das grades. Os três, são apontados pelo MPF como integrantes do esquema de corrupção na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Além dos políticos, os procuradores acusam empresários que eram beneficiados em processos de licitações em troca de valiosas propinas, que faziam o enriquecimento ilícito de todos os envolvidos naquilo que chamam de organização criminosa.
A segunda turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio e Espírito Santo) resolveu então prender os políticos, por unanimidade, um dia depois da deflagração da operação.
A gravação feita com autorização da justiça, mostra que, entre a decisão tomada e sua apresentação na Polícia Federal, o presidente afastado da Alerj, hoje, assim como seus colegas, filiados ao MDB, pressiona o deputado sanjoanense Bruno Dauaire, atualmente no PRP, para que vote pela liberação dele no dia seguinte na assembleia.
Confiram trecho da conversa:
- Jorge Picciani: Bruninho, querido.
- Bruno Dauaire: Presidente.
- Jorge Picciani: Tudo bem?
- Bruno Dauaire: Tudo… e o senhor?
- Jorge Picciani: Bem… Tô aqui com o doutor Hariman…
- Bruno Dauaire: Aham.
- Jorge PiccianiI: E… Vamos ter uma extraordinária amanhã às 15 horas…
- Bruno Dauaire: Às 15h?
- Jorge Picciani: É.
- Bruno Dauaire: Tá…
- Jorge Picciani: Preciso de você, tá bom?
- Bruno Dauaire: Tá bom… Tá bom, presidente.
- Jorge Picciani: Tá certo?
- Bruno Dauare: Tá certo… amanhã você vai tá cedo aí? Eu tô em Campos e tô indo pro Rio.
- Jorge PiccianiI: Não. Amanhã vocês que vão me fazer voltar…
- Bruno Dauaire: Ah tá…
- Jorge Picciani: Entendeu?
- Bruno Dauaire: Tá bom… Tá bom.
Apesar de ter assumido o compromisso, com o seu ” Presidente” o deputado Bruno Dauaire, ou não compareceu ou se absteve na votação do dia seguinte, 17 de novembro.
Picciani e os outros deputados no processo, tiveram suas prisões suspensas no plenário, pela maioria, seus colegas, mas a decisão foi revertida pela Justiça quatro dias depois e eles acabaram presos.
Segundo informa o MPF, não se pode ter como aceitável que o próprio interessado, no caso, Picciani, interviesse para influenciar nos votos de seus pares, sobretudo valendo-se da sua força como presidente.
Com informações do site: Pense Diferente
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