Novo traçado da BR 101 é aguardado
Enquanto as obras de duplicação da BR 101 avançam, a construção do novo traçado segue parada e sem previsão para início dos trabalhos. Previsto para começar em 2017, o trecho é um sonho antigo da classe empresarial, já que evitaria o tráfego de cargas pesadas pela área central de Campos.
Inicialmente, o traçado do contorno em Campos começaria no km 51 da rodovia, em Guarus, e terminaria em Ibitioca, no km 84, mas, após uma reunião no início do ano passado, envolvendo o setor empresarial e a sociedade civil organizada de Campos, foi solicitado o aumento de seis quilômetros no traçado do contorno, que passaria a ser em Travessão. O documento também foi entregue ao prefeito Rafael Diniz (PPS).
Recentemente, o presidente da Firjan Norte Fluminense participou de uma reunião com o diretor superintendente da Autopista Fluminense, Odílio Ferreira, na sede da concessionária que administra a rodovia, em Niterói, e o contorno também foi tema da reunião.
— O contorno é importante para toda a região Norte e Noroeste Fluminense e também para o estado do Espírito Santo. Por que é o deslocamento das cargas que deixariam de passar pela área central de Campos. Hoje um caminhão leva duas horas de onde iniciaria o contorno até Travessão, onde terminaria. Esse trecho poderia ser feito em vinte minutos com o contorno — destacou.
A construção do novo traçado também é vista com bons olhos pelos motoristas que trafegam pela rodovia. Para Adriano de Souza, que passa semanalmente pela rodovia, o novo trajeto facilitaria e reduziria o tempo de tráfego na área central do município.
— Eu estou meio descrente desta obra, mas como também eu não acreditava na duplicação e ela está saindo, sempre temos uma esperança, não é? Com certeza se esse traçado saísse, para nós motoristas facilitaria demais. Demoramos quase duas horas para atravessar a cidade e poderemos reduzir este tempo para 30 minutos — ressaltou.
Em nota, a Autopista Fluminense afirmou que “considera que a construção do Contorno Rodoviário de Campos dos Goytacazes é a solução definitiva para eliminação do conflito entre o tráfego local e o de longa distância que utiliza o trecho da BR101 que atravessa a cidade. A concessionária informa que as tratativas sobre a obra estão em andamento na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)”.
O início da obra estava previsto para 2017 e o período para execução era de três anos. Porém, desde a alteração do traçado, o projeto de engenharia do empreendimento está em análise na ANTT. A reportagem da Folha entrou em contato com a ANTT para saber a atual situação do trajeto, mas até o fechamento da edição não houve retorno.
Obras de duplicação avançam
Até o momento, a Autopista Fluminense executou 96,2% da duplicação da rodovia BR 101, entre licença ambiental e aprovação da ANTT, o que representa 125,61 quilômetros de novas pistas entregues para os usuários entre 2014 e 2018. São trechos entre os municípios de Campos, Macaé, Casimiro de Abreu e Rio Bonito. No trecho de Campos, além de duplicar a rodovia e implantar novos trevos em viadutos, a concessionária também corrigiu o traçado da BR 101 em Ibitioca.
A duplicação reduziu o número de acidentes e mortes na rodovia nos últimos anos. Este ano, por exemplo, no trecho entre Campos e Macaé foram registrados até outubro, 209 acidentes, com 104 feridos e nenhuma morte. No ano passado, no mesmo trecho, foram 325 acidentes, 129 feridos e sete mortes. Dos 60 km de duplicação previstos na obra, 57 já foram concluídos e os três pendentes são em Serrinha. Já no trecho entre Casimiro de Abreu e Rio Bonito, o número de acidentes e feridos também foi reduzido, porém, o número de mortes aumentou de 12 para 16 em relação ao ano passado.
Além de proporcionar mais segurança aos usuários, as obras de duplicação garantiram também maior fluidez no trânsito. Segundo a concessionária, “com as pistas duplicadas, a velocidade regulamentada neste segmento passou de 80 para 100 km/h, uma redução de até 30% no tempo de deslocamento da viagem”.
Onda de assaltos é denunciada
A preocupação com as péssimas condições da BR 101, que ceifou tantas vidas ao longo dos anos, foi substituída pelo medo e insegurança de quem trafega pela rodovia. Desde o final de julho, a onda de assaltos na BR 101 é relatada no blog Ponto de Vista, de Christiano Abreu Barbosa, hospedado no Folha 1. São vários os trechos de insegurança ao longo da rodovia. Porém, o cenário mais violento fica entre Niterói e o distrito de Manilha, em Itaboraí. Essa parte corta São Gonçalo, município mais populoso do estado do Rio de Janeiro depois da capital, com 1 milhão de habitantes. O trecho com mais registros de assaltos e arrastões é o que passa ao lado do Complexo do Salgueiro, situado entre os quilômetros 307 e 309 que foi “batizado” como “Terra de Ninguém”, a “Faixa de Gaza” de São Gonçalo.
A situação chegou a Câmara Federal e também à Firjan Norte Fluminense. O deputado federal Paulo Feijó (PR) encaminhou ofícios para as Polícias Federal e Rodoviária Federal e ao Gabinete da Intervenção da Segurança Públicas solicitando medidas para que a situação na “Terra de Ninguém” seja revertida. Em resposta ao deputado, o Gabinete relatou ações tomadas pela Intervenção Federal, como operações de garantia da lei e ordem, além de desobstrução de vias com a remoção de barricadas, cumprimento de mandados de busca e apreensão e patrulhamento nas comunidades.
Já o presidente da Firjan Norte Fluminense, Fernando Aguiar, se reuniu com o diretor superintendente da Autopista Fluminense, Odílio Ferreira e apresentou a proposta do Sindicato Metal Mecânico de Campos que sugeriu um estudo para fechamento de acessos à rodovia BR 101 nos quilômetros 300 e 320. A Autopista vai analisar o pedido, mas elencou algumas dificuldades para executar a ação.
VICTOR DE AZEVEDO
Por:Folha1