Nos últimos sete dias o mundo da música só faz chora. Após Ângela Maria, Charles Aznavour, agora morre aos 85 anos a soprano espanhola Montserrat Caballé
Artista era considerada a melhor soprano do século 20 e uma das últimas grandes divas da ópera e ganhou um Grammy e a distinção Príncipe das Astúrias das Artes, em 1991.
Foto de 17 de novembro de 2006 mostra a soprano espanhola Montserrat Caballe (à esquerda) durante apresentação com a sua filha, Montserrat Marti, no aniversário de seus 50 anos de palco, comemorados em Basel, na Suíça — Foto: Georgios Kefalas/Keystone via AP
O velório será realizado a partir das 14h de domingo no Funeral de les Corts e o funeral, na segunda, segundo o jornal espanhol El País.
Caballé vinha tendo problemas de saúde nos últimos anos. Em outubro de 2012, sofreu um acidente vascular cerebral durante uma atuação na Rússia. Ao cair inconsciente, ela fraturou o úmero. E a saúde não foi a única fonte de desgosto nos últimos anos de vida da cantora. Em dezembro de 2015, ela foi condenada a seis meses de prisão e a pagar uma multa de quase 250 mil euros por evasão fiscal.
A soprano estreou profissionalmente em 1956, fez mais de 4 mil apresentações e era uma das últimas grandes divas da ópera – homeagem que ela rejeitou, em entrevista ao El País em 2014:
“Eu não me considero uma lenda da ópera, nem a última diva, como os jornalistas às vezes escrevem. Cada época tem seus divos e, no meu caso, a única coisa que fiz foi fazer bem o meu trabalho, da melhor forma possível, no mais alto nível”.
Considerada por muitos críticos como a melhor soprano do século 20, Caballé ganhou um Grammy e o Príncipe das Astúrias das Artes, a mais alta distinção concedida na Espanha, em 1991.
Caballé dividiu o palco com todos os grandes artistas e disse na mesma entrevista ao jornal espanhol ter uma química especial com três deles: Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras.
“Quando Manon Lescaut cantou com Plácido Domingo, que foi maravilhoso, ele me disse que descobriu um novo mundo cantando comigo e aconteceu a mesma coisa comigo. Com José Carreras eu tive um relacionamento muito especial, ficamos encantados ouvindo um ao outro. E, com Luciano Pavarotti, era como um pai”, afirmou a soprano.
Repercussão
Vozes do mundo da política e da cultura lamentara a morte de Caballé. O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, classificou a perda de uma “triste notícia”. “Morreu uma grande embaixadora do nosso país, uma soprano de ópera reconhecida internacionalmente. Montserrat Caballé, sua voz e sua doçura permanecerão sempre conosco”, escreveu no Twitter.
O rei da Espanha, Felipe 6º, expressou suas condolências pela morte da soprano. Caballé foi “a grande dama da ópera, uma lenda da cultura universal, a melhor entre os melhores”, disse o monarca por meio de sua conta oficial no Twitter. “Sua personalidade e sua voz inigualável vão nos acompanhar para sempre.”
O Teatro do Liceu de Barcelona, onde Caballé atuou mais de 200 vezes, também se manifestou, lamentando a morte “de uma das sopranos mais importantes da história”.
“De todas as sopranos que escutei ao vivo em teatros, nunca escutei ninguém cantar como Caballé”, disse o tenor espanhol José Carreras em entrevista radiofônica concedida neste sábado.
Aqui deixamos uma lembrança de um outro momento mágico da irretocável carreira soprano e de um outro gigante da música mundial, Freddie Mercury:
Por G1