Servidores municipais de Educação se reuniram nesta quarta-feira (26), em uma paralisação geral de 24 horas. Apesar da adesão de parte dos trabalhadores ao ato, quase todas as escolas da rede municipal mantiveram as atividades pela manhã, segundo informou a Prefeitura. O grupo pleiteia redução da carga horária, plano de cargos e salários, plano de saúde e melhorias nas condições de trabalho e infraestrutura.
Cerca de 200 professores e funcionários da área administrativa participaram do protesto, iniciado na praça São Salvador, no Centro, e encerrado na sede do Executivo de Campos, quando uma comissão foi recebida.
Uma das representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) na manifestação, Odisseia de Carvalho fez críticas à situação atual: “A gente sabe que o governo anterior deixou o município atrasado, mas o governo atual prometeu mudanças e mudou para pior. Escolas com péssimas condições, sem estrutura, salas superlotadas, falta de materiais, creches sem fraldas, sabonetes e até sem água para beber. Temos o direito de sermos recebidos pelo prefeito e o secretário de Educação, pelo menos sermos recebidos, porque merecemos respeito”, disse Odisseia, acrescentando que, embora o Sepe ainda não tivesse um balanço das unidades fechadas, quase todas estavam representadas na manifestação.
Ato de servidores da Educação em Campos
Denise Gonçalves é professora em uma creche do Novo Jóquei e denuncia que as crianças nem banho tomam. “Não temos materiais nem para higiene pessoal. Tem sabonete líquido porque eu comprei. Os auxiliares estão adoecendo porque trabalham oito horas por dia, ao invés de seis. A creche funciona em uma casa alugada, com apenas um vaso sanitário para todas as crianças, que não estão em idade para irem sozinhas ao banheiro. O prefeito prometeu valorizar os profissionais da Educação, mas está mostrando total descaso com a categoria”, desabafou.
A auxiliar de turma Marcele Andrade também participa da paralisação. “As auxiliares precisam de uma redução de carga horária porque ela é extensa. Não estamos aguentando. Estamos ficando cansadas, e algumas até adoeceram e ficaram estressadas”, contou.
Na praça, manifestantes relatavam as condições de trabalho e das unidades em que atuam. Do Centro, eles seguiram em caminhada pela Alberto Torres em direção ao Cesec. Pela ruas, recebiam apoio de comerciários e transeuntes. O ato, que começou por volta das 10h e foi acompanhado pela Polícia Militar, que ajudava na orientação do trânsito, continuou na frente da Prefeitura, por volta das 12h, onde mais manifestantes aguardavam a chegada do grupo. Uma comissão foi recebida por representantes da secretaria de Educação e Gestão Pública.
Em nota, a secretaria de Educação, Cultura e Esporte informou que, nesta manhã (26), quase todas as unidades da rede municipal ficaram abertas. “Há creches sem aulas devido à adesão dos auxiliares. O órgão acrescenta que, nas escolas, praticamente não houve alteração na rotina e quase a totalidade está com funcionamento normal”.
“A secretaria vem se pautando em iniciativas para o corpo docente, que vão desde o concurso de remoção, que nunca havia acontecido, até a garantia da chamada Lei do Terço, que garante a aplicação da lei que determina o 1/3 da carga horária para planejamento fora de sala de aula na rede pública. Entre os avanços garantidos pela secretaria, estão capacitações em horário noturno; flexibilização do horário de planejamento; escolha do livro didático; mais autonomia ao professor (novo sistema de avaliação); critério de escolha de turma que favorece quem se capacita (Pnaic); inserção dos auxiliares de turma no processo de escolha de turma; regência para os professores de sala de recursos; acompanhamento com fonoaudiólogo pelo PSE; criação da comissão para revisão do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e liberação de licenças-prêmio”, informou, ainda em nota, ressaltando que várias questões apresentadas em pauta já estão sendo estudadas pelo órgão.