Juiz acusa formalmente Cristina Kirchner de chefiar grupo para receber propinas e pede prisão preventiva da ex-presidente
Juiz Claudio Bonadio considerou ex-líder argentina uma das organizadoras de associação ilícita com o marido no caso conhecido como ‘Cadernos das propinas’. Detenção precisa ser aprovada no Congresso, já que Cristina é senadora.
Senadora e ex-presidente argentina Cristina Kirchner chega no começo de setembro a um a tribunal em Buenos Aires — Foto: Eitan Abramovich/ AFP
Bonadio pediu a prisão preventiva de Cristina, que, para acontecer, precisa ser aprovada pelo Senado de maioria peronista, segundo informa o diário “Clarín”, que teve acesso à decisão. O magistrado, no entanto, afirma que só dará início ao procedimento para tirar o foro privilegiado da ex-presidente no Congresso quando o processo for “homologado pela Câmara federal de apelações”.
O juiz considerou Cristina Kirchner como uma das organizadoras da associação ilícita com o marido, o ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em 2010, e do ex-ministro de Planejamento Julio de Vido.
Também foram processados vários ex-funcionários kirchneristas e empresários de setores como obras públicas, energia e transporte.
Para Bonadio, a investigação provou que um aparato complexo foi montado dentro do Estado, “uma organização criminosa constituída de funcionários públicos, que utilizam meios oficiais (incluindo veículos, funcionários, equipamentos de telefonia celular etc.) e comandados por aqueles que eram detentores do Poder Executivo Nacional (Néstor Carlos Kirchner e Cristina Elisabet Fernández) e o Ministério do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços (Julio Miguel De Vido), atuando entre 2003 e 2015 “.
O objetivo era “buscar o recebimento de somas ilegítimas de dinheiro por vários indivíduos, muitos deles contratados para obras públicas do Estado Nacional”, afirma.
O escândalo
O escândalo conhecido por “cadernos das propinas” envolve supostos subornos de importantes empresários para obter contratos de obras públicas entre 2005 e 2015 – durante as presidências de Néstor Kirchner e de Cristina.
A causa judicial se baseia em anotações feitas por um ex-motorista do Ministério de Planejamento, Oscar Centeno, em 8 cadernos escolares. Durante 10 anos, Centeno era o responsável pela entrega das sacolas com a propina.