Setor sucroalcooleiro comemora boa produção na região
Diferentemente de outros anos, a safra sucroalcooleira de 2018 na Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro) será destinada principalmente ao etanol, com perspectiva de 70% da produção, enquanto o açúcar representará 30%. Os produtores do Norte Fluminense comemoram a melhor safra dos últimos quatro anos e querem aproveitar para recuperar os prejuízos das safras passadas. A Coagro vai moer em torno de 1,3 milhão de toneladas, expectativa de uma safra 30% maior que a do ano passado, graças às chuvas que caíram no período certo e bem distribuídas. A safra sucroalcooleira mantém outro ponto positivo com a geração de empregos na região.
Em toda a região está acontecendo a recuperação de áreas, um estímulo do tempo chuvoso que fez com que os agricultores plantassem mais. Esse foi o caso do produtor Paulo Silva, que tem uma plantação de cana no Carvão. Ele informou que neste ano a produção foi boa e, consequentemente, o lucro também será.
— Estamos com uma expectativa muito boa de finalmente termos lucro. Estamos plantando mais e a cana está mais vistosa e a sacarose bem maior. Desde 2014 que não tínhamos uma produção tão boa, graças às chuvas que caíram bem distribuídas. Tivemos um período muito grande de prejuízo e muitos produtores não estavam mais confiando na cultura da cana e resolveram investir em outras plantações. Espero que, com essa boa colheita, os que abandonaram o cultivo da cana retornem — informou.
O ano de 2018 é visto como o de recuperação do setor sucroenergético, que na região é mantido pelo plantio de cana-de-açúcar e três usinas em pleno funcionamento (Coagro, Paraíso e Cana Brava). A Coagro é a única que vai produzir açúcar, mesmo assim, um percentual bem menor do que nos anos passados. O presidente da Coagro, Frederico Paes, informou que depois de quatro longos anos de seca finalmente o setor terá uma safra com boa colheita.
— A safra deste ano vai ser mais curta, porém, mais produtiva. Este ano tivemos um período bom de chuva bem distribuída. A cana é um vegetal e precisa de chuva regularmente e agora, no período da colheita, em que precisamos do período seco, também estamos com sorte. Está tudo fluindo para uma safra proveitosa, ou seja, a cana está com uma sacarose boa e teremos uma produção em torno de 1,3 milhão de toneladas em toda a região. Mas a opção foi por uma safra alcooleira. O preço do açúcar está baixo no mercado internacional, mesmo assim, nós da Coagro vamos produzir o açúcar. A produção mundial está com excedente e o preço em queda. As vendas do hidratado no mercado interno começaram aquecidas desde o início da safra, o que justifica a priorização do combustível — informou.
Distribuição da chuva ajuda a cultivar a cana
Há quatro anos que a região não contava com chuva para a produção da cana-de-açúcar. Em 2014 choveu muito pouco, foram 560 milímetros, um período considerado difícil para os produtores, que amargaram um prejuízo incalculável. Em 2015, o volume subiu um pouco: foram 814 milímetros de chuva. Já em 2016, choveu 900 milímetros e em 2017, foram 1.300 milímetros, uma recuperação considerável.
Diante disso, o cenário começou a dar sinal de vida. Dois mil hectares novos foram plantados e que vão refletir na safra do próximo ano. Segundo Frederico, a chuva bem distribuída e a qualidade do produto têm sido tão positivas que a cooperativa cedeu 20 mil toneladas de semente para serem doadas aos cooperados.
— O período de chuva bem distribuída na região foi, para nós, o melhor de todos os tempos, nem mais nem menos e, por isso, tivemos uma cana de muita qualidade e não podemos deixar os nossos cooperados sem essa semente. Primamos pela qualidade do produto e com certeza nos dará lucro na próxima safra, em 2019 — finalizou o presidente da Coagro.
Saldo positivo na geração de empregos
O setor sucroenergético foi responsável pelo saldo positivo de empregos em Campos e em São Francisco de Itabapoana. Os dados foram confirmados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou em todo o estado do Rio de Janeiro um saldo líquido melhor em relação ao ano passado. O saldo líquido foi de 2.625 vagas contra, entre janeiro e junho de 2017, 1.651 vagas. Uma recuperação do setor que tem uma estimativa de recursos em torno de R$ 45 milhões, que serão empregados na economia local. Este ano foram três mil empregos diretos e indiretos na safra. Apesar de ter encolhido nos últimos anos, o setor sucroalcooleiro ainda se mostra importante para a economia da cidade.
Em São Francisco de Itabapoana, o Caged mostra que o início da safra também impactou positivamente as estatísticas da cidade, porque lá a economia é fundamentalmente agropecuária. Em junho, o saldo líquido foi positivo em 654 e até junho, no primeiro semestre, 935. Também houve um crescimento em relação ao ano passado em torno de 30%.
— A região é muito carente de emprego e numa época difícil como a que o Brasil passa o setor gerar emprego e renda é um saldo muito positivo. Certo que é uma mão de obra sazonal, mas com certeza muito importante para o trabalhador. O que está colaborando é o excelente resultado relativo em junho de emprego associado à safra agrícola. — informou Frederico.
JANE RIBEIRO
Por:Folha1