Embraer e Boeing anunciam acordo e americana terá 80% da nova empresa
Companhia dos EUA vai pagar US$ 3,8 bilhões por fatia em joint-venture.
As duas companhias assinaram memorando de entendimentos que inclui os negócios em aviação comercial, tanto a fabricação de aeronaves quanto os serviços. A transação avalia o negócio de aviação comercial da Embraer em US$ 4,75 bilhões. Assim, a americana vai pagar US$ 3,8 bilhões pela fatia de 80% na nova empresa. A nova empresa terá um portfólio com aeronaves de 70 a 450 lugares.
A Embraer, que é a joia da coroa da indústria brasileira, vai permanecer como uma empresa separada, que produz jatos militares e privados, enquanto receberá receita desta nova parceria. O formato da parceria foi fundamental para convencer o governo brasileiro a dar seu aval para a operação. Além dos negócios em aviação comercial, no entanto, as duas empresas vão criar uma outra joint-venture para promover e desenvolver novas mercados para produtos e serviços na área de Defesa, especialmente a aeronave KC-390.
“Com essa parceria estratégica, estamos em uma posição ideal para gerar valor significativo para os clientes, empregados e acionistas de ambas as companhias, e para o Brasil e os Estados Unidos. Esta importante parceria se alinha claramente com a estratégia de longo prazo de investir em crescimento orgânico e retorno de valor para os acionistas, complementada por arranjos estratégicos que possam acelerar nossos planos de crescimento”, afirmou, no comunicado, o presidente do conselho e diretor-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg.
“O acordo com a Boeing vai criar a parceria estratégica mais importante da indústria da aeroespacial, fortalecendo a liderança de ambas as companhias no mercado global. A combinação de negócios com a Boeing deve criar um ciclo virtuoso para a indústria aeroespacial brasileira, aumentando o potencial de vendas, produção, criação de empregos e receita, investimentos e exportações. Com isso, aumenta valor para clientes, acionistas e funcionários”, disse o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva.
As duas empresas confirmaram em dezembro que estavam discutindo uma potencial combinação de seus negócios, mas não foi alcançado nenhum acordo que tenha satisfeito o governo brasileiro, que tem poder de veto sobre mudanças estratégicas na Embraer.
Em dezembro, a Boeing apresentou uma proposta agressiva, que previa a aquisição de toda a Embraer, mas os termos foram rejeitados pelo governo brasileiro. Questões relacionadas a informações estratégicas dos projetos militares foram o principal ponto de objeção. Diante do impasse, a gigante americana fez, então, uma nova proposta em janeiro, deixando com a Embraer apenas a divisão de defesa, o que também não foi aceito. Dessa vez, pesou o argumento da falta de sustentabilidade, uma vez que o segmento sobrevive graças ao orçamento público, cada vez mais restrito.