Caso Patrícia: acusados vão a júri popular na próxima quarta
Começa, na próxima quarta-feira (4), o julgamento dos acusados do assassinato da analista judiciária Patrícia Manhães, Uenderson de Souza Mattos — marido da vítima —, Genessi José Maria Filho e Jonathan Bernardo Lima. Os réus vão a júri popular, no Fórum Maria Tereza Gusmão. Patrícia morreu no dia 13 de abril de 2016, após ser baleada na cabeça e no pescoço, dentro do seu carro, em frente à sede do Grupamento Ambiental da Guarda Civil Municipal de Campos (GAM). Ela chegou a ser socorrida pelo marido, no próprio veículo, um Spin preto, e levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM), mas não resistiu aos ferimentos. A analista tinha deixou dois filhos.
Foto:Clique Diário
À frente das investigações do crime, o delegado titular da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), Luís Maurício Armond, vai testemunhar sobre o caso no julgamento. Ele contou que, desde a morte da analista, passaram-se dois meses até as prisões serem realizadas e mais dois, em um total de quatro meses, para o inquérito ser concluído. O guarda municipal Uenderson, que era marido de Patrícia e disse que ela foi vítima de um assalto, é acusado de ser o mandante da execução. Genessi teria sido responsável pela contratação do assassino. Jonathan será julgado como executor do crime.
No dia do crime, Uenderson teria ido com a mulher até a sede da GAM, nas antigas instalações do Ceasa. Ele teria estacionado o carro nos fundos e saído para entregar uma pipa de pesca a um primo, que era guarda ambiental. Patrícia ficou no veículo.
— Estranhamos a conduta de Uenderson. Primeiro, porque, sendo motorista do chefe da Guarda na época, ele sabia que aquele local era extremamente ermo, deserto, perigoso; local de tráfico, de uso de drogas, de assaltos. Ele também disse que estava sem carteira de habilitação para socorrer a esposa baleada. Ele insistia em falar que havia uma quantia de dinheiro no carro há alguns dias, mas os criminosos não levaram bolsas, nem joias, além de não ser normal você deixar um embrulho com dinheiro dentro do carro por muito tempo. Não tínhamos testemunhas do crime porque as pessoas apenas viram vultos dos supostos assaltantes. Tivemos de trabalhar com dados técnicos e, aí sim, obtivemos depoimentos testemunhais baseados nessas provas técnicas — contou Armond.
Indícios apontavam para execução, segundo o delegado. “A vítima ficou com uma tatuagem, que é como a gente chama quando o tiro é à queima-roupa e deixa marca de pólvora. E foram muitos tiros, o que não é uma ação característica de assalto. Foram várias diligências e evidências técnicas apontando para o marido, que, de parente sofrido com a morte da mulher, passou a ser o principal suspeito.”
Na manhã de 25 de maio, Uenderson foi preso, sendo apontado como suspeito do homicídio da esposa e de obstrução às investigações da polícia. A prisão aconteceu durante uma operação intitulada “Aleiva”, que significa traição, comandada por Armond e pelo promotor público Fabiano Rangel. Não existe confissão de Uenderson nem dos outros dois réus. “Uenderson foi ouvido diversas vezes e mudou a versão do crime em todas as vezes. O Genessi tem passagens por homicídio e atuava no GAM, inclusive usava tornozeleira na época. Foi para ele que Uenderson fez a primeira ligação no dia crime e a última após a morte da analista.”
Foto:Momento Verdadeiro
Caso Ana Paula — Assim como Uenderson, que não confessou a morte da esposa, para a qual foi apontado como mandante, Luana Sales também não confessou o homicídio da cunhada, a universitária Ana Paula Ramos. O delegado da 146ª DP contou que novos indícios surgiram. “Celulares foram enviados para a Perícia Técnica no Rio e, com a quebra de senhas, foi verificada a troca de mensagens dela com os executores”, contou Armond.
Quatro pessoas foram acusadas da morte de Ana Paula: Luana Barreto Sales, apontada como mandante da morte; Marcelo Henrique Damasceno, que teria, a mando da ré, intermediado a contratação de Wermison Carlos Sigmaringa e Igor Magalhães de Souza, executores do crime.
A universitária de 25 anos foi assassinada em uma emboscada idealizada pela bancária Luana, de 24, cunhada e amiga de infância da vítima. O crime aconteceu no dia 19 de agosto de 2017. Luana teria convidado Ana Paula para ir até o Parque Rio Branco, em Guarus, visitar a obra de sua casa. Depois, elas veriam o vestido que a suspeita usaria no casamento da vítima.
Já no local, Luana chamou a cunhada para tomar um sorvete na praça. Este seria o sinal para a execução do plano de falso assalto. Atingida por tiros na cabeça e no tórax, Ana Paula foi socorrida por populares e levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM) na carroceria de uma caminhonete. Ela teve morte cerebral constatada na noite do dia 21, no HFM, e, na noite do dia 23, teve morte decretada por falência múltipla dos órgãos.
Por:Folha1