Traficantes em fuga da Babilônia se abrigaram em mata junto a quartéis do Exército

PMs descobriram abrigo a cerca de 200 metros do quartel do Leme. Área não é patrulhada por militares nem por policiais militares. Sete traficantes foram achados mortos após confrontos.

Dois dos traficantes mortos em confronto com a polícia na mata do Morro da Babilônia (Foto: Reprodução)

Dois dos traficantes mortos em confronto com a polícia na mata do Morro da Babilônia (Foto: Reprodução)

Em fuga, na sexta-feira (8), após atuar na disputa pelo controle da venda de drogas no Morro da Babilônia, no Leme, um grupo de traficantes buscou a mata para se abrigar. Nem a presença de dois quartéis do Exército junto ao maciço, em ambos os lados, intimidou os criminosos.

Um dos policiais contou ao G1 que o abrigo ficava a cerca de 200 metros da quadra do quartel do Leme.

Na noite desta segunda-feira (11), a polícia interceptou lancha com armas usadas na guerra do fim de semana. Traficantes da Maré deram a ordem para recolher fuzis deixados para trás no confronto. Três homens foram detidos.

As trilhas na mata do Morro da Babilônia não têm vigilância: nem a Polícia Militar nem as Forças Armadas patrulham a região, que é livre para quem quiser passar por elas.

Os criminosos participaram do confronto que na sexta-feira assustou moradores dos bairros do Leme e da Urca. O funcionamento do Bondinho do Pão de Açúcar foi interrompido, pela primeira vez, em 100 anos por um caso de segurança.

Além de unidades militares, como quartéis, escolas e clubes, o bairro da Urca ainda é local de moradia de oficiais das Forças Armadas. Alguns deles com cargos no Gabinete de Intervenção Federal na segurança pública do estado.

Do confronto participaram, pelo menos, oito jovens vindos de comunidades como a Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, na Zona Norte; do Morro de São Carlos, na região Central da cidade, e de Senador Camará, na Zona Oeste.

Criminosos não se preocupam com presença militar e fogem por trilhas junto a quartéis (Foto: Infográfico: Fernanda Garrafiel/ G1)

Criminosos não se preocupam com presença militar e fogem por trilhas junto a quartéis (Foto: Infográfico: Fernanda Garrafiel/ G1)

Armados com fuzis, granadas e vestindo roupas camufladas, os criminosos, inicialmente, permaneceram nas matas para impedir que a Babilônia fosse retomada pelos rivais do Comando Vermelho. Com a chegada da polícia, eles tentaram fugir, mas se perderam.

Acabaram, na sexta-feira, encurralados por policiais militares do Batalhão de Choque, numa operação iniciada às 8h. Mesmo assim, feriram um policial nas pernas com estilhaços de granada, o que levou as polícias Civil e Militar a enviar reforço para o local.

Sete criminosos morreram no confronto com os policiais. Seis foram jogados ao mar. Um conseguiu fugir e acabou preso pelos policiais quando chegava à Praia Vermelha, na Urca.

No mesmo dia, a polícia apresentou os seis fuzis que estavam com os criminosos sem mencionar como as armas foram apreendidas. No sábado (9), o Batalhão de Ações com Cães (BAC) encontrou uma mochila com quatro carregadores de fuzil, dois radiotransmissores, munição de calibres variados e entorpecentes.

Fuzis apreendidos pelo Choque em ação na Babilônia que teve tiroteio na Praia Vermelha (Foto: Divulgação/PMERJ)

Fuzis apreendidos pelo Choque em ação na Babilônia que teve tiroteio na Praia Vermelha (Foto: Divulgação/PMERJ)

No domingo (10), os corpos de seis dos jovens jogados da mata na sexta vieram à superfície e foram encontrados no mar. Todos com marcas de tiros. Um sétimo corpo foi encontrado pela família de um dos rapazes que entrou na mata.

A Delegacia de Homicídios investiga se os jovens foram executados, após denúncia de familiares.

Nova tentativa de invasão planejada

A ação policial foi comemorada com uma festa pelos rivais no alto do Morro do Pavão-Pavãozinho. No monitoramento da Polícia Civil, criminosos do Comando Vermelho estão se reunindo novamente na comunidade para uma nova tentativa de retomar o Morro da Babilônia.

A Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Leste informou que o patrulhamento trata das áreas dos quartéis, não chegando às matas junto às unidades.

“É realizada a segurança interna dos aquartelamentos existentes no Leme e na Praia Vermelha, além da área construída da Vila Militar Residencial da Babilônia, que são as áreas sob jurisdição militar. Há também rondas ostensivas a pé feitas pela Polícia do Exército, na Praça General Tibúrcio, embora esse seja um espaço público.”

Já a Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que “a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) local é responsável pelo patrulhamento nas áreas edificadas das comunidades”.

Bombeiros resgatarm corpos na Praia Vermelha, Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)

Bombeiros resgatarm corpos na Praia Vermelha, Urca, Zona Sul do Rio de Janeiro (Foto: Reprodução)

Por Marco Antônio Martins, G1 Rio

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