Criminalidade crescente em Guarus ameaça segurança em todo o Norte Fluminense

VERÔNICA NASCIMENTO 
Audiência
Audiência / Verônica Nascimento

Guarus virou o foco da discussão sobre Segurança Pública em audiência realizada nesta sexta-feira (8), na Câmara Municipal de Campos. Com 30 comunidades divididas por dois comandos do tráfico de drogas, autoridades do município alertaram para a possibilidade de o Estado perder o controle de Guarus se não houver efetivação da intervenção federal e de políticas públicas para os mais de 200 mil habitantes da região. Com isso, haveria o comprometimento da segurança da população de todo o Norte Fluminense. O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Fabiano de Souza, afirmou que é necessário “aproveitar o momento em que estamos sob intervenção federal para buscar soluções”. “Não podemos zerar os índices de criminalidade, mas podemos reduzir ao aceitável. A PM tem uma tropa comprometida com a região, porque somos daqui, nossas famílias residem aqui e não queremos chegar a um ponto de sermos caçados por sermos policiais militares”, disse o comandante.

A audiência pública, proposta pelo vereador Thiago Ferrugem, contou com a participação da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), representada pelo deputado Bruno Dauaire (PR). Também participaram da audiência, além do comandante, o delegado regional, Daniel Bandeira; o delegado adjunto da 134ª DP (Centro), Pedro Emílio; o delegado da 146ª DP (Guarus), Luís Maurício Armond; o comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), Fabiano Mariano; e o superintendente de Paz e Ordem Social, Carlos Amaral.

A audiência foi aberta pelo vereador Thiago Ferrugem, com a apresentação do número de homicídios registrados pela Folha este ano: 107. “O objetivo é oficiar ao presidente Michel Temer e ao general Braga Netto, do Gabinete de Intervenção, as demandas que verificamos na audiência e conseguirmos mudar essa situação de violência em nosso município”.

O delegado Daniel Bandeira comentou que o Estado está em meio à bancarrota e isso reflete na falta de contratação de recursos e investimentos na Segurança Pública. “Precisamos de trabalho integrado, com a participação da sociedade, porque, no final, quem paga é a sociedade”.
Titular da delegacia que tem 20 policiais e duas viaturas e cobre uma região de 1,5 mil km² e com cerca de 200 mil habitantes, Armond destacou as características da criminalidade em Guarus.
Verônica Nascimento
— Guarus faz divisa com o Espírito Santo, e essa posição limítrofe facilita a circulação, tanto entrada como saída de criminosos, e o transporte de drogas. Também com São Francisco de Itabapoana, com entrada até de armamentos. Temos dois comandos do tráfico na área da 134ª DP, Baleeira e Tira Gosto, que não têm como expandir e estende por Guarus, onde há facilidade de habitação, com invasões constantes. A polícia não é remédio e falta qualquer apoio do poder público e de empresários a Guarus. As polícias estão para apoiar as políticas públicas, mas não temos nenhuma em Guarus. Diante das mazelas com essa crise, precisamos da atuação da Guarda e do Exército para ações mais ostensivas, capazes de reduzir os índices de criminalidade, mas só isso não resolverá, porque um bandido é preso e outro entra no lugar. Então, precisamos do apoio da sociedade e políticas públicas. Caso contrário, vamos perder o controle de Guarus — frisou o delegado.
Delegado adjunto da 134ª Delegacia (Centro), Pedro Emílio explicou que, sem aporte de recursos financeiros nas principais instituições da Segurança Pública, mesmo no cenário da intervenção federal, a criminalidade estabelecida em Guarus ameaça não só o município de Campos, mas todo o Norte Fluminense.
À frente do maior BPM do estado em extensão territorial e longe das equipes como Bope e o Choque, com a média de um policial militar para 608 habitantes, o comandante Fabiano de Souza explicou que, mesmo com o reforço de homens da PM de Itaperuna e Pádua, há necessidade de criação de um batalhão para Guarus e sem mexer no efetivo do 8º BPM.
— Temos mapeados os pontos com mais homicídios, áreas como Calabouço, Eldorado e Codin. No Novo Eldorado, nas casinhas, que chamamos de Faixa de Gaza, aparecendo no mapa coincidentemente com a imagem de um fuzil, temos inclusive o trailer da PM, mas, no local, uma pessoa pode ser morta por atravessar a rua. Temos um Ciep próximo dali, onde nem todos os jovens podem estudar. Podemos colocar todas as forças nas ruas, que não vai adiantar, não vai resolver. A Segurança Pública é dever do Estado, mas responsabilidade de toda a sociedade — ressaltou Fabiano.
Novo Eldorado aparece em formato de fuzil
Novo Eldorado aparece em formato de fuzil / Verônica Nascimento
O vereador Thiago Ferrugem informou que, entre as solicitações que serão enviadas ao presidente da República e ao interventor federal, já foi formulado o pedido de reforço imediato do efetivo do 8º BPM, já que há cerca de 800 concursados não convocados. Também será tentado, junto à Prefeitura, o desenvolvimento de ações da saúde, educação, entre outras, para fomentar as políticas públicas e pedido o apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) para sensibilizar a classe empresarial para os problemas de Guarus.
Por:Folha 1

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