Saída de Zidane reforça ressaca bizarra do tri do Real

Ao anunciar sua decisão de não continuar no Real Madrid, Zinédine Zidane encerra o mandato mais cintilante dos técnicos atuais, com três conquistas consecutivas da Champions League. Tantos triunfos não evitaram críticas quanto ao estilo de jogo do Real Madrid, visto por boa parte da mídia como um ajuntamento de craques letais bem administrados em suas vaidades, mas sem um programa tático definido.

A saída surpreendente reforça as especulações de que Zidane deve suceder Didier Deschamps no comando da França após a Copa do Mundo.

Também reforça a ressaca do título do último sábado, conquistado em Kiev num 3 a 1 sobre o Liverpool. Dois dos gols madrilenos foram tremendamente facilitados pelo goleiro vermelho, o alemão Loris Karius.

A festa já tinha gosto de cabo de guarda-chuva nas entrevistas do pós-jogo. O herói Gareth Bale (dois gols na final) e o artilheiro da liga, Cristiano Ronaldo, deram declarações sobre suas incertezas em relação a continuar em Madri na próxima temporada. O primeiro era carta fora do baralho de um time que pretende tirar Neymar do PSG; o segundo exige que o clube o ajude em seus problemas milionários com o fisco espanhol.

Ao chegar ao Real Madrid, um time desequilibrado que havia acabado de fritar o espanhol Rafa Benítez, Zidane teve o mérito de pedir a contratação de Casemiro para equilibrar os espaços no meio-campo. Inegável também foi sua coragem de pôr o galáctico Bale no banco, preferindo formações com as revelações Asensio e Isco. Isso não impediu que a equipe tivesse desempenho inaceitável no Campeonato Espanhol desta temporada, algo de que Zidane já se ressentia.

A outra dúvida que fica é sobre quem pode assumir os cacos do Real Madrid, um campeão não acostumado a ser esnobado. Uma pergunta que só deverá ser respondida depois de contornada a situação com CR7, mas que já pode apontar, no cenário dos desempregados célebres, para o italiano Maurizio Sarri, que acabou de deixar o elogiadíssimo trabalho no Napoli.

Por O GLOBO