Que fim levou a intervenção militar no Rio de Janeiro?

Traficantes invadem condomínio do ‘Minha casa, minha vida’ na Zona Norte do Rio.

Após as denúncias de moradores, a PM passou a fazer operações no local, mas os bandidos ainda tentam voltar

Traficantes do Complexo do Chapadão invadiram um condomínio recém-inaugurado do programa federal “Minha casa, minha vida” na Pavuna, Zona Norte do Rio. A invasão, confirmada pela PM, aconteceu na noite da última sexta-feira, quando os criminosos derrubaram o muro dos fundos do conjunto Rio do Ouro II, na Avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira, e começaram a ocupar os cerca de cem apartamentos que ainda estão vazios no condomínio.

Os bandidos picharam as portas com seus nomes e deixaram recados
Os bandidos picharam as portas com seus nomes e deixaram recados Foto: Reprodução

Após entrarem nas unidades, os invasores marcaram seus apartamentos com inscrições nas portas. Na ocasião, a PM foi acionada pelos moradores e, na mesma noite, retirou os invasores dos imóveis com a ajuda do síndico. Nenhuma arma foi apreendida e ninguém foi preso. No entanto, desde então, o grupo volta todas as noites armado com pistolas. Segundo moradores, por volta das 22h do último sábado houve tiroteio após agentes do 41º BPM (Irajá) chegarem no local com um blindado.

Porta arrombada pelos traficantes: condomínio ainda tem cem apartamentos vazios

De sábado até agora, o muro dos fundos do condomínio foi derrubado quatro vezes pelos traficantes. Tentamos reconstruí-lo, mas toda vez que voltam, eles destroem de novo. É comum ver homens com pistolas no grupo. Eles dizem que vão ficar com os apartamentos vazios. No sábado, quatro famílias deixaram tudo para trás e fugiram do condomínio. Meu apartamento está em obras, mas não sei se vou ficar — contou ao EXTRA uma moradora, que pediu para não ser identificada.

Após a invasão, com medo, o síndico renunciou ao cargo. Moradores contam que os criminosos afirmam que a permissão para que os apartamentos sejam invadidos veio de chefes do tráfico da favela atualmente presos.

O buraco feito no muro pelos criminosos
O buraco feito no muro pelos criminosos Foto: Reprodução
Os moradores consertaram os buracos, mas o tráfico voltou a arrebentar o muro
Os moradores consertaram os buracos, mas o tráfico voltou a arrebentar o muro Foto: Reprodução

Segundo o comandante do 41º BPM (Irajá), tenente-coronel Maurílio Nunes, os responsáveis pelas invasões são traficantes da favela da Índia, que integra o Complexo do Chapadão e fica atrás do condomínio. De acordo com o oficial, desde sexta-feira, a PM vem fazendo operações diárias no local para impedir a invasão.

Prédios têm churrasqueira, salão de festas e academia de ginástica

Os moradores receberam as chaves dos apartamentos no último dia 25 de abril e tiveram acesso às unidades cinco dias depois. Dos 400 apartamentos do conjunto, 100 ainda não foram vendidos. O empreendimento foi construído com recursos do “Minha casa, minha vida” para famílias com faixas de renda 1,5 e 2 — com renda de até R$ 4 mil mensais. A construtora responsável pelo empreendimento e pelas unidades ainda desocupadas é a Tenda.

Segundo a página da construtora na internet, o conjunto tem “excelente localização com ampla área de lazer, além de toda a segurança de condomínio fechado”. O empreendimento tem salão de festa, sala de ginástica, um playground para crianças, churrasqueira e um salão de jogos.

A policia esta no local desde de sexta feira, sempre pedindo reforços quando a multidão de invasores aumenta de número. Até mesmo o carro blindado da PM (caveirão) esteve no local no sábado para uma tentativa de conversa que não aconteceu.

A construtora afirma, em nota, que “a PM foi acionada imediatamente e nenhuma unidade foi, de fato, tomada pelos invasores” e alega que “o empreendimento foi entregue pela construtora há mais de um mês e estava sob a gestão dos residentes”. Apesar de os apartamentos vazios ainda serem da construtora, a empresa ainda não procurou a Polícia Civil.

Em março de 2015, o EXTRA revelou, durante a série “Minha casa, minha sina”, que todos os condomínios do “Minha casa, minha vida” destinados aos beneficiários mais pobres — a faixa 1 de financiamento — no município do Rio eram alvo da ação de grupos criminosos. Na ocasião, as reportagens revelaram que 18.834 famílias estavam submetidas a expulsões, reuniões de condomínio feitas por bandidos, bocas de fumo em apartamentos, interferência do tráfico no sorteio de moradores, espancamentos e homicídios.

Por:O EXTRA

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