Ameaça à mãe de testemunha levou à nova prisão de Paulo Vieira de Souza
Ex-diretor da Dersa é apontado como operador de propinas e de contribuições ilícitas para o PSDB
O ex-diretor da Dersa (empresa responsável por obras viárias paulistas) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi preso novamente pela Polícia Federal de São Paulo na manhã desta quarta-feira (30). Segundo a PF, ele descumpriu medidas judiciais. A filha de Souza, Tatiana, também foi detida.
O engenheiro é apontado como operador de propinas e de contribuições ilícitas para o PSDB durante o governo de José Serra (2007-2010). Ele havia sido preso no dia 6 de abril, mas liberado cerca de um mês depois, após o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), conceder habeas corpus ao investigado.
A nova prisão foi determinada pela juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal Federal de São Paulo.
Em março, a Lava Jato denunciou o ex-diretor por desvio de R$ 7,7 milhões, entre 2009 e 2011. O recurso era destinado ao realojamento de famílias desalojadas pela Dersa para a construção do Rodoanel, obra realizada na gestão Serra.
O Ministério Público Federal justificou o novo pedido de prisão alegando que Souza fez ligações ameaçadoras à mãe de uma das investigadas. Segundo a Procuradoria, a filha do ex-diretor da Dersa foi presa por ter contratado advogado para várias testemunhas do caso e porque os procuradores consideraram que havia risco de evasão.
O ex-chefe de assentamento da Dersa Geraldo Casas Vilela também foi preso. Seu escritório fez pesquisas sobre informações como endereços de pessoas investigadas, o que foi considerado tentativa de interferência no caso.
Na decisão, a juíza mencionou também a presença da advogada da Dersa nas audiências e assessoria direta somente a algumas testemunhas funcionárias do órgão.
INVESTIGAÇÕES
Durante as investigações da Lava Jato, o ex-diretor foi citado por sete delatores (da Odebrecht, Andrade Gutierrez e pelo operador Adir Assad), e apareceu em depoimentos de outros três executivos da OAS e da Queiroz Galvão que negociam acordo com procuradores.
Segundo os executivos, ele pediu a dez empreiteiras que fizeram o trecho sul do Rodoanel, na região metropolitana da capital paulista, um suborno equivalente a 0,75% de tudo que elas recebessem. Como a obra custou R$ 3,5 bilhões em valores da época que foi inaugurada, em abril de 2010, a propina de 0,75% seria de R$ 26,3 milhões.
Documentos enviados aos procuradores por autoridades suíças mostravam que Paulo Preto tinha ainda quatro contas no banco suíço Bordier & Cie. O saldo conjunto, em junho de 2016, era equivalente a R$ 113 milhões.
Em fevereiro do ano passado, os valores, segundo as informações vindas da Suíça, foram transferidos para um banco em Nassau, nas Bahamas.
OUTRO LADO
Procurada, a defesa de Vieira afirmou que não teve conhecimento do teor da decisão. Com informações da Folhapress.