Saúde de Campos entra em alerta por conta da paralisação dos transportes
Para contornar a greve dos caminhoneiros que afeta todo país há seis dias, o setor de Saúde de Campos — público e privado — está apostando em logística para não deixar afetar ainda mais à população. Tirando a unidade do Pró-Rim, que precisou reduzir as horas de diálise para esperar chegada do caminhão desde o início da greve, e esperado para a noite deste sábado, não há relato de desabastecimento total de insumos. Porém, a preocupação é crescente caso a paralisação se prolongue. No caso do município, será realizado nesta segunda-feira novo levantamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nos hospitais para saber como estão os estoques.
O governo municipal informou que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) foram abastecidas antes da greve e não há registro de falta de medicamentos da Atenção Básica, assim como nos hospitais públicos. Novas remessas que deveriam ter chegado nesta sexta-feira (25) não chegaram. Segundo o Departamento de Assistência Farmacêutica de Campos, até o início da próxima semana, a situação está sob controle.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES), por vez, informa que diante da greve, vem reunindo esforços para evitar qualquer transtorno aos pacientes. A SES reforça ainda que está monitorando a situação e que todas as unidades da rede estadual de saúde seguem em funcionamento.
Medidas — A rede particular também está atenta e buscando alternativas. “A Unimed Campos não está medindo esforços para manter seus pacientes assistidos com materiais, medicamentos e alimentos. Hoje chegaram suprimentos de hortifrutigranjeiros. Temos pedidos de carne e demais suprimentos. Até o momento não há desabastecimento, no entanto não temos como precisar qual será a duração do estoque existente. Estão sendo tomadas todas as medidas para preservar a segurança dos pacientes. Estamos buscando alternativas para contornar essa situação e continuar prestando um atendimento de qualidade aos nossos pacientes”, informou a assessoria em nota.
O Grupo IMNE informa que o hospital Dr. Beda, assim como os demais segmentos de saúde que fazem parte do Grupo estão operando normalmente, devido à pronta ação de logística que mobilizou frota própria para transportar os insumos necessários da cidade do Rio de Janeiro para Campos. “O Grupo considera preocupante os efeitos da greve dos caminhoneiros, mas até o presente momento, todos os insumos estão garantidos, com as unidades funcionando normalmente”, ressalta.
A direção do Hospital Plantadores de Cana (HPC) informa que ainda tem medicamentos para atendimentos. Porém, alguns caminhões com medicamentos estão retidos com a greve. “Quanto à quantidade no estoque não é possível prever até quando vai durar, porque depende da demanda de atendimento”, diz trecho da nota.
A presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, Fátima Castro, cuja instituição assiste a 40 pessoas portadores do vírus HIV, disse estar preocupada. “Nossos pacientes precisam de remédios todos os dias. Temos remédios para seis dias, mas estamos preocupados perante a necessidade de comprar nas farmácias e não encontrar”, disse.
A Folha ouviu quatro redes de farmácias na cidade. Todas informaram que os pedidos não chegaram durante esses dias de greve. Não falam em falta, mas a preocupação maior é em relação aos remédios destinados aos diabéticos, como a insulina.
Diálise — Em rede social, o odontólogo Alexandre Buchaul disse que o Pró-Rim, responsável pela hemodiálise de parte dos pacientes assistidos em Campos, estaria operando com redução de tempo na diálise para poupar recursos. “Vale ressaltar que isso não ocorre sem que haja risco para os pacientes”, escreveu. A informação foi confirmada na unidade, mas um funcionário disse que a redução da hora foi a medida encontrada e que não prejudica paciente, mas ficar sem sim. “Não recebemos durante toda a semana o caminhão de insumos necessários, estamos aguardando para a noite de hoje”, disse.
Na área de Campos, os caminhoneiros disseram que não impediram passagem de caminhões com medicamentos.
Quissamã — Em nota oficial, a Prefeitura de Quissamã informou a interrupção das aulas na rede pública do município por tempo indeterminado em decorrência da greve dos caminhoneiros.
Governadores não querem pagar a conta
Governadores de estados do Nordeste e Minas Gerais divulgaram carta nesse sábado com críticas ao pedido do governo federal aos estados para que avaliem ajustes no ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e, assim, “contribuir”, pelo fim da paralisação de caminhoneiros contra a alta do diesel. O pedido foi feito pelo presidente Michel Temer na sexta-feira.
Na carta, os governadores criticam, ainda, política de reajuste de preço dos combustíveis. “Neste grave momento, quando irrompe um movimento radical que — justificado pela desenfreada escalada de reajustes — bloqueia os canais de distribuição de combustíveis e coloca em risco a mobilidade, a saúde, a segurança e a integridade física de milhões de brasileiros, o Governo Federal tenta fugir às suas responsabilidades convocando os governos estaduais — já tão sacrificados pela injusta concentração de recursos na União — a renunciar às suas receitas do ICMS, supostamente para atender demandas dos representantes dos transportadores participantes da paralização”, afirmam na carta.
Crítica — Em Maceió para o XXIII Congresso Brasileiro de Magistrados, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), falou nesse sábado sobre a situação do país e da greve dos caminhoneiros: “Nós não devíamos ter chegado ao ponto em que nós chegamos”. Ele Criticou também uso das Forças Armadas.
Por:Folha1