O número de casos de chikungunya no primeiro quadrimestre deste ano no Estado do Rio de Janeiro cresceu em relação a 2017 e já superam os índices de todo o ano passado. Em Campos, a situação é bastante preocupante. O último levantamento feito pelo município confirmou 55 casos de chikungunya até o dia 11 de maio. Os bairros com maior número de notificações são Turfe Clube, Pecuária, Parque Corrientes e Jardim Carioca. A subsecretaria de Vigilância em Saúde do Estado informa que este ano, até abril, foram registrados 8.963 casos de chikungunya. O último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) foi 6,1, acima do esperado pelo setor. As ações estão sendo intensificadas em todo o município.
Atualmente, cerca de 100 atendimentos são realizados diariamente no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI) por uma equipe multidisciplinar que faz avaliações médicas, além de testes rápidos com kits de detecção de dengue, zika e chikungunya, numa espécie de primeira triagem. Os resultados das análises são divulgados em cerca de 20 minutos. Após avaliação inicial, os pacientes recebem o tratamento adequado até conclusão diagnóstica, para que sejam realizadas medidas direcionadas a cada caso. Além do atendimento realizado pelo CRDI, os profissionais das unidades de saúde municipais também são orientados, através do setor de Vigilância em Saúde, sobre condutas a serem seguidas em casos suspeitos.
Para o médico infectologia, Nélio Artiles, o índice de infestação atual, de 6.1, é considerado muito alto, comparado com o último, que foi de 3.6, a situação é muito preocupante, mas não quer dizer que há surto ou epidemia de chikungunya na cidade.
— É muito preocupante. O LIRAa indica elevados índices de infestação domiciliar do mosquito transmissor dos vírus, mas não especifica qual doença tem maior incidência. A recomendação é de reforçar a profilaxia, focar na prevenção, eliminar os criadouros do mosquito, usar repelente e evitar acúmulo de lixo. A chikungunya pode ser diagnosticada como aguda, sub-aguda e crônica, podendo permanecer por meses. Ela é uma doença desagradável, o paciente sente muitas dores nas articulações que não conseguem ficar de pé e pode permanecer por meses — disse o médico.
Foi o que aconteceu com a técnica em Patologia Clínica, Elisângela Peixoto, que mora na Pecuária. Ela foi vítima da chikungunya há um mês e, segundo ela, a doença é traumática e até hoje não se curou definitivamente. Elisângela informou ainda que no bairro dela mais de 50 pessoas contraíram a doença.
— Passei dias de horror com muitas dores nas articulações. O médico foi obrigado a me passar corticoide. Tinha dias em que eu não consegui ficar de pé e nem mexer as mãos. A situação é grave, principalmente no meu bairro. Muitas pessoas estão doentes. Situação muito grave — opinou.
Kits de teste rápido em unidades de Saúde
O número de atendimentos no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI) triplicou nos últimos meses. Devido à grande demanda a Vigilância em Saúde, da secretaria municipal de Saúde (SMS) disponibiliza desde a última segunda-feira (14), em 20 mil unidades, kits de teste rápido para detecção de dengue, zika e chikungunya. O resultado da análise sai em 20 minutos.
Para ser submetido ao teste, o paciente tem que apresentar sintomas de uma das doenças.
As chuvas não são os únicos fatores da proliferação do mosquito. Existem ainda as condições macroambientais que favorecem o acúmulo de água em determinados locais: esse acúmulo vai servir como ambiente para a reprodução desses mosquitos.
Foto:Supcom
Embora a letalidade da doença seja considerada baixa, em torno de 1%, a chikungunya apresenta, em cerca de 30% dos infectados. O coordenador do CRDI, Luiz José de Souza, destaca a importância de a população intensificar o trabalho de prevenção em suas residências, já que a doença deve continuar se espalhando, caso a população não adote os cuidados necessários. “O período de incubação da doença leva de dois a quatro dias, portanto, ela se espalha mais devagar. O cuidado deve ser redobrado com gestantes, principalmente, no final da gestação, e crianças abaixo de dois anos — esclarece.
São Fidélis com 15 casos e 160 suspeitos
O município de São Fidelis, no Norte Fluminense, também está em alerta para casos de chikungunya. Somente nos cinco primeiros meses deste ano já foram confirmados 15 casos da doença, além de mais de 160 casos suspeitos.
Segundo a Vigilância em Saúde do município, somente de dengue são 74 casos suspeitos. O órgão recebeu 242 notificações das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. No Hospital Armando Vidal, os atendimentos às pessoas com sintomas parecidos com os da dengue, zika ou chikungunya são intensos. A vigilância também está realizando testes rápidos para as doenças transmitidas pelo mosquito.
Em caso de sintomas como febre alta (cerca de 39ºC), manchas vermelhas na pele e fortes dores nas articulações, é indicado procurar atendimento. A chikungunya possui cura, tanto é que, uma vez infectado com o vírus, o indivíduo fica imune para o resto da sua vida.
Tal como na dengue, não existe tratamento específico contra a febre chikungunya. Não há um medicamento que aja diretamente contra o vírus de modo a eliminá-lo do organismo mais rapidamente. A imensa maioria dos pacientes irá se curar de forma espontânea após cerca de 7 a 10 dias. O tratamento que se propõe, portanto, é apenas sintomático e de suporte.