Ratos, cobras, aranhas e esgoto: a realidade dos moradores do Residencial Porto Seguro

VERÔNICA NASCIMENTO E ANA LAURA RIBEIRO 
  • Residencial Porto Seguro

    Residencial Porto Seguro Se há um setor que, visivelmente, não para de crescer em Campos, é o imobiliário. Condomínios e edifícios residenciais surgem em diferentes regiões, promovendo mudanças na paisagem urbana de locais que, até então, eram matagais ou atoleiros de lama. Mas os cidadãos que, há 20 anos, compraram terrenos em um loteamento — autorizado pela secretaria municipal de Obras — e construíram suas casas no Residencial Porto Seguro ainda aguardam as melhorias esperadas com a urbanização. De todos os bairros do perímetro urbano do município, Porto Seguro é o único que nunca recebeu uma obra, nem mesmo de pavimentação.

Por ser uma extensão do bairro Tarcísio Miranda, os impostos são caros; mas o residencial, localizado junto à RJ 216 (Campos-Farol) e que tem apenas duas ruas principais e duas transversais, é foco de problemas paras os moradores. As ruas nunca foram calçadas e, se o tempo está bom, é muita poeira; se chove, alaga toda a área e a lama impossibilita a passagem pelas transversais, fazendo com que os moradores tenham de rodear o espaço onde deveria ter sido implantada uma praça. Neste local, os moradores até improvisaram uma quadra de vôlei de areia, mas a área está virando depósito de entulho pela falta de limpeza pública e fiscalização pela Prefeitura.
Se houve alguma melhoria no bairro, foi viabilizada por meio de “vaquinha” dos moradores:
— Nunca houve obra de pavimentação aqui. Uma licitação foi cancelada em 2015 e, depois disso, nos unimos para tentar melhorar alguma coisa no bairro. Em 2016, conseguimos um pouco de fresa de asfalto, material geralmente descartado pela Autopista Fluminense, que nos foi doado. Fizemos vaquinha e alugamos uma patrol para colocar as raspas de asfalto. Antes disso, quando chovia, os moradores tinham de deixar os carros na esquina, quase na rodovia, e ir andando para casa, porque todo veículo acabava atolando na lama — relatou Ericson Viana, que reside no Porto Seguro há quatro anos e é um dos mais um dos mais novos moradores do bairro.
Os residentes contam que, além dos buracos, sempre tem alagamento, causado por falta de galerias, e há despejo de esgoto na praça. “Quando vim para cá, há uns 18 anos, só tinham duas casas. Hoje, apesar de muitas residências e dos impostos caros que a gente paga, o abandono por parte da Prefeitura é total. No terreno da praça, era tudo mato. Hoje, se a vegetação está rasteira, foi resultado da união dos moradores que contrataram uma roçadeira. Assim também para criar a quadra de vôlei, com alguns blocos de concreto e areia, na intenção de ter algum espaço de lazer para as crianças. E ainda tem gente despejando esgoto na praça. Foram várias as solicitações feitas à Prefeitura, para a gente ter alguma manutenção no bairro, mas não conseguimos nada”, contou um dos mais antigos moradores do bairro, o motorista de carreta aposentado, Roberto C. Ribeiro.
  • Residencial Porto Seguro

    Residencial Porto Seguro

Outra situação que preocupa é a presença de animais transmissores de doenças, como ratos, aranhas, rãs, mosquitos. Eles proliferam nas áreas alagadas e nos terrenos tomados por mato que, além de não serem cuidados pelos donos, não recebem serviço de limpeza pública ou a fiscalização da superintendência de Posturas. Dona Nilce Guedes, de 58 anos, já encontrou aranha caranguejeira dentro de casa e já viu cobra se alimentando de rato na praça.
— A situação é alarmante. Tem gente desistindo de morar aqui. Muitos moradores colocaram placas de aluguel nas casas e, simplesmente, foram embora para outros bairros. Quando eu comprei o terreno aqui, me falaram que iriam urbanizar, mas isso já faz 11 anos e, até agora, nada. E a gente paga imposto como se fosse morador no Parque Tarcísio Miranda. Pagamos taxa de iluminação pública, que também é precária, fraca. Nem poste colocaram nas ruas transversais, que nem são ruas, porque a gente não tem como passar por elas. A gente está praticamente no escuro. Um poste caiu e matou uma vaca que pastava na praça. Já roubaram os fios, e o poste ainda está caído no mesmo local — contou a senhora.
Sentado perto da praça, em frente de casa, Antônio Gomes dos Santos se arrepende da opção feita há cerca de11 anos. “Deixei de comprar um terreno no Jóquei, cinco vezes mais barato que o daqui. No Jóquei, fizeram várias obras. Tive um AVC e fico sentado aqui, porque, até para passar para a outra rua principal, eu precisaria rodear a praça. Fazer o quê? Tentar passar na transversal e cair na lama? Aqui, a gente dorme com aranhas e vigia se não tem cobra dentro de casa. Melhoria aqui só com vaquinha dos moradores. Deveria ter ido para o Jóquei”, concluiu o senhor.
Folha 1 entrou em contato com a Prefeitura de Campos e aguarda respostas.
A verdade é que o Bairro, assim como outros, precisa de uma intervenção urgente por parte do poder público municipal. Porém, devido a gravidade da crise financeira porquê atravessa o governo Rafael Diniz, a população deveria se organizar e de forma ordeira, contribuir com a prefeitura, neste momento.

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