Reconstituição do caso Marielle confirma o uso de uma submetralhadora

Investigadores querem fazer levantamento de armas das forças de segurança do estadoCaso Marielle: reconstituição do crime leva polícia a concluir que apenas uma rajada de tiros foi disparada contra carro.

Reprodução simulada do assassinato da vereadora do Psol e do motorista Anderson Gomes confirmou que submetralhadora foi usada pelo atirador. Laudo final deve sair em 30 dias.

Policiais usaram armas e munição de verdade durante a reprodução simulada da execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes (Foto: Reprodução/Globo)

Policiais usaram armas e munição de verdade durante a reprodução simulada da execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes (Foto: Reprodução/Globo)

Apenas uma rajada de tiros foi disparada a partir de uma submetralhadora contra o carro em que estavam a vereadora Marielle Franco (Psol), o motorista Anderson Gomes e uma assessora da parlamentar – que escapou com vida – na noite de 14 de março. Foi a conclusão a que chegaram os investigadores durante a reconstituição do crime, realizada ao longo de cinco horas entre a noite de quinta e a madrugada de sexta-feira (11). O laudo final deverá ficar pronto em 30 dias.

Na reprodução, a polícia usou armas e munição de verdade. Equipes reproduziram o momento em que os assassinos dispararam contra o carro onde estavam Marielle e Anderson. Uma sirene alertava sempre antes dos disparos serem feitos.

Os policiais deram tiros com diferentes tipos de armas. O objetivo era que as testemunhas fossem capazes de reconhecer o barulho da arma usada no crime. A conclusão foi que os assassinos usaram uma submetralhadora MP5 – arma capaz de disparar 800 tiros por minuto, segundo a polícia.

Quatro testemunhas, chamadas pela polícia, participaram da simulação do crime. Entre elas, uma sobrevivente do ataque que vive no exterior. A assessora parlamentar de Marielle Franco se mudou para fora do Brasil logo depois do assassinato da vereadora.

Arma utilizado no assassinato de Marielle e Anderson era uma submetralhadora (Foto: Infográfico: Roberta Jaworski/G1)

Arma utilizado no assassinato de Marielle e Anderson era uma submetralhadora (Foto: Infográfico: Roberta Jaworski/G1)

A DH investiga se a arma foi desviada de algum paiol pertencente a uma força de segurança no Estado do Rio de Janeiro. Submetralhadoras semelhantes são utilizadas pelas forças especiais das polícias Civil, Militar e Federal.

Já sobre munições – quatro atingiram a vereadora na cabeça – pertencem a um lote adquirido pela Polícia Federal, em 2006. As munições deste lote foram encontradas em locais de crimes em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, em confrontos envolvendo policiais e traficantes.

Vereador e ex-PM prestarão depoimento na polícia

Nesta semana, o Jornal O Globo teve acesso a uma testemunha que acusou o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo de planejarem o assassinato de Marielle Franco.

De acordo com um delator, o ex-PM deu a ordem para matar a vereadora de dentro do presídio onde está preso. Segundo a reportagem, quatro homens estavam no carro de onde foram feitos os disparos. Entre eles, havia dois PMs. Todos seriam integrantes da milícia comandada por Orlando Oliveira de Araújo.

Tanto Orlando como o vereador Marcello Siciliano negaram envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson. Eles serão chamados para prestar depoimento na Polícia Civil. O vereador já foi ouvido por policiais em abril.

O ex-PM Orlando Araújo está preso há sete meses. Esta semana, ele foi transferido do presídio de Bangu 8 para Bangu 1, que é uma unidade de segurança máxima. O ex-PM está no regime disciplinar diferenciado ficando isolado 22 horas por dia.

Os assassinatos de Marielle e Anderson completa dois meses na próxima segunda-feira.

G1

Deixe uma resposta