Manguezal de Gargaú em análise
As regiões de ecossistemas costeiros como os mangues são áreas de grande fragilidade por responderem a processos naturais. Diante disso, o manguezal do rio Paraíba do Sul é o maior da região Norte Fluminense e será delimitado na área de Gargaú, situado no município de São Francisco do Itabapoana. A primeira visita técnica para alinhar a primeira fase de delimitação aconteceu na última semana com a presença da prefeita do município, Francimara Barbosa Lemos (PSB), e os órgãos representantes como Ibama, Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e Parque Eólico de Gargaú. A iniciativa é uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para evitar degradação em áreas de preservação permanente. A ação é resultado da união, sob condicionante de licenciamento do parque eólico.
O manguezal é um ecossistema de elevada importância ecológica, social e econômica, e também considerado dominante na fisiografia do litoral do Brasil, distribuindo-se ao longo dos 6.800km da linha costeira, sendo a estimativa mais recente, para a área de cobertura calculada em 1,38 milhão de hectares. O manguezal do rio Paraíba do Sul apresenta uma planície formada por sucessão de faixas arenosas alongadas que apresentam limites, largura e extensões variáveis, intercaladas por terrenos superficialmente argilosos, onde se desenvolvem áreas de manguezais.
A prefeita de SFI, Francimara Barbosa Lemos, ponderou e ratificou o compromisso de sua gestão na colaboração, em todos os campos, a fim de atender aos órgãos e em consonância com o artigo 225 da Constituição Federal de 1988, assegurando para futuras gerações um meio ambiente equilibrado. “Vamos lutar para conservar estes espaços e caminhar para a sustentabilidade e desenvolvimento, trazendo ações de agenda positiva”, ressaltou.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Ilzomar Soares, destacou que a união de esforços será de grande valia e um ganho substancial a esta nova fase de iniciativas e ações contundentes na proteção ambiental. “Ficou decidido durante o encontro que a comunidade será ouvida através de audiência pública para explanação do projeto e elucidação das ações propostas”, informou.
O ambientalista Aristides Sofiatti concorda com a iniciativa. Segundo ele, em São Francisco existem três manguezais que são de preservação permanente em toda sua extensão. “Toda área que é banhada por maré é área de preservação permanente e a delimitação vai impedir que se extraia madeira. Gargaú está avançando pelo manguezal e qualquer obra que se pensar em fazer, como dragagem de canal dentro do manguezal, vai ser preciso pedir licença ao Inea. Pelo que eu sei o MP está pedindo que todas as áreas de preservação sejam demarcadas, não só os manguezais, mas também na orla e os rios”, destacou.
Pesquisa foi elaborada entre 2001 e 2002
Um estudo realizado entre agosto de 2001 a julho de 2002 pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) na área do manguezal do rio Paraíba do Sul, mais precisamente em Gargaú, demonstrou que a área de manguezal analisada apresenta melhor desenvolvimento estrutural quando comparada a outros manguezais do litoral fluminense, tais como os encontrados nas baías de Guanabara e Sepetiba. Mesmo assim, a área tem sido alvo de frequentes ações de degradação, como atividade extrativista de árvores, invasão da pecuária, urbanização, obras de dragagem efetuada no canal principal e abertura de novos canais. Há ainda a captura predatória do caranguejo, o que desequilibra as populações da espécie.
As amostras coletadas durante esse estudo foram colocadas em sacos plásticos e transportadas, sob refrigeração, para o Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), da Uenf, onde foram congeladas para análises posteriores. O objetivo do estudo foi conhecer e caracterizar a estrutura da vegetação de duas florestas de mangue do rio Paraíba do Sul, e verificar o potencial efeito da variação espacial (franja e interior da floresta) nos parâmetros estruturais analisados.
Demarcação condicionada a licenciamento
A delimitação e a responsabilidade pela proteção na área de preservação permanente ficarão condicionadas ao licenciamento do Parque Eólico, construído em 2010 e fica próximo ao manguezal de Gargaú.
Essa é a primeira Central Geradora Eólica da região Sudeste e tem capacidade instalada suficiente para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes. Ao todo, são 17 torres aerogeradores de 1,65 mw que integram o empreendimento, cada um com 120 metros de altura.
A energia eólica é produzida a partir do movimento de hélices instaladas em torres, que acionam um gerador e produz corrente elétrica. Vários mecanismos como esse são ligados a uma central de transmissão de energia formando um parque eólico. A quantidade de energia produzida por cada turbina varia de acordo com o tamanho das suas hélices e o regime de ventos na região onde está instalada. A Geração eólica não gera resíduos e necessita uma área bastante reduzida para a instalação dos aerogeradores.
Por:Folha 1