Contratação de empréstimos via celular dispara em 2017, dizem bancos

O aumento reflete principalmente uma mudança de comportamento do cliente

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As contratações de empréstimos via aplicativo de bancos no celular cresceram 141% em 2017, somando 225 milhões de transações, segundo pesquisa sobre tecnologia bancária divulgada pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos) nesta quinta-feira (3).

O aumento reflete principalmente uma mudança de comportamento do cliente, que busca mais comodidade e flexibilidade para fazer suas transações bancárias.

É também uma reação dos bancos ao surgimento de fintechs -empresas iniciantes do setor financeiro- e instituições que só operam no mundo digital. Isso tudo em um contexto de corte de custos que inclui o fechamento de agências.

As transações por celular ganham um espaço que antes era ocupado por essas agências e pelo computador.

“Os bancos começaram a disponibilizar mais transações, e o cliente começou a usar mais o mobile para fazer operações financeiras”, afirmou Gustavo Fosse, diretor da Febraban.

“Não é só o aumento de transações no canal mobile ou internet, é uma mudança de comportamento. O cliente quer fazer sua transferência de casa, busca cada vez mais conveniência, por isso os bancos investem mais em tecnologia”, diz ele.

Fernando Meirelles, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), afirma que, para os jovens, ir ao banco está se tornando um castigo.

“Quanto mais jovem o usuário, menos significativo é para ele aquilo que importa para os mais velhos, que é ter uma agência, saber onde o dinheiro está. Os mais jovens não são ligados nisso, contratam um empréstimo quase que pelo Facebook”, diz.

Para ele, o avanço dos bancos digitais criou alternativas menos burocráticas para a contratação de empréstimo, movimento que começa a ser seguido pelos grandes bancos. A perspectiva é de que essa tendência continue, na avaliação de Juliana Inhasz, professora de finanças do Insper.

“Com o tempo, as agências vão diminuir cada vez mais, e as possibilidades digitais vão aumentar. Vamos ver a migração dos serviços bancários para essas plataformas”, diz. “Hoje temos uma sociedade que vive 24 horas conectada. As pessoas usam o celular como um apoio, e os bancos se adequam a esse novo perfil.”

As instituições financeiras também saem ganhando porque atingem um cliente que, antes, ficava desconfortável em pedir empréstimo para o gerente, diz Inhasz.

Mas, se para os bancos esse crescimento é motivo de celebração, para o consumidor pode ser uma armadilha.

A facilidade na ponta dos dedos pode levar à contratação de um empréstimo desnecessário, caro ou que eventualmente piore seu grau de endividamento.

“O cliente corre alguns riscos. As pessoas não necessariamente estão recebendo a melhor proposta de empréstimo no aplicativo”, afirma a professora do Insper.

Para ela, sem conhecimento das condições do crédito, o consumidor pode ficar inclusive com uma dívida que pode se tornar impagável.

Há ainda o perigo de contratar um empréstimo só para consumo, em vez de adquirir o hábito de se planejar para comprar um bem. “Ele pode ver que tem dinheiro disponível pelo aplicativo e usar o empréstimo para comprar algo que não precisava naquela hora”, afirma Inhasz.

Meirelles pondera que o empréstimo por aplicativo beneficia quem está acostumado a fazer operações financeiras. Já clientes que precisam de mais informações podem se beneficiar de uma visita à agência.

No Banco do Brasil, as contratações de empréstimo pelo celular representavam 16% do valor total liberado em abril de 2017, percentual que subiu para 24% em abril deste ano. Segundo o BB, o aplicativo tem 16,5 milhões de usuários e responde por 57% das transações realizadas no banco.

O Bradesco viu as contratações de empréstimos via celular crescerem 110% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2017. As operações no mobile já representam 13% de todas as transações de crédito realizadas por pessoas físicas no banco.

O Bradesco diz que busca oferecer crédito no momento mais conveniente para os clientes. Também dá controle no celular permitindo fazer simulações de taxas e prazos. Com informações da Folhapress.

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