Denunciada, Gleisi ataca PGR: erra ‘em nome da batalha pela moralidade’

Senadora se defendeu e disse que as acusações não têm provas e são baseadas apenas no depoimento de delatores

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A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) usou a tribuna do Senado para protestar, nessa quarta-feira (2), contra nova denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), baseada nas delações de executivos da Odebrecht.

Na última segunda-feira (30), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de Gleisi, seu marido e ex-ministro Paulo Bernardo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro Antônio Palocci. Todos são acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo a PGR, a Odebrecht prometeu a Lula doação de US$ 40 milhões em troca de decisões políticas para beneficiar a empresa.

A senadora, que é também presidente do PT, afirmou que as acusações não têm provas e são baseadas no depoimento de delatores, que buscam benefícios em troca de escapar da prisão.

Ao afirmar que a denúncia sem provas causa danos aceitos “em nome da batalha pela moralidade pública”, Gleisi questionou até que ponto esse tipo de ação beneficia o país.

“Inclusive, no caso do Marcelo Odebrecht, [este] acusa Lula sem ter estado com ele, sem ter conversado com ele. Apenas diz o que os investigadores queriam ouvir, sem qualquer elemento para sustentar as acusações”, disse a senadora.

Um dos trechos da denúncia da PGR, disse Gleisi, a acusa de lavagem de dinheiro, afirmando que ela teria declarado falsamente despesas no valor de R$ 1,83 milhão na prestação de sua campanha de 2014 ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. De acordo com a senadora, trata-se de uma mentira, já que teria obedecido à Lei Eleitoral 9.504, de 1997, que permite o pagamento posterior de dívidas eleitorais pelo próprio partido político.

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“Trata-se de uma mentira grosseira e acaba por dizer muito dessa denúncia, [mostrando] sua fragilidade e inépcia. O publicitário da minha campanha foi contratado pelo valor global de R$ 3 milhões. Ocorre que dois terços não foram pagos durante a campanha. Eu fiquei devendo e, conforme autoriza a Lei Eleitoral 9.504, de 1997, o débito foi assumido pelo PT, pelo Partido dos Trabalhadores, Diretório Regional do Paraná. O próprio PT, mais tarde, quitou R$ 170 mil desta dívida, restando o débito de R$ 1,83 milhão, mencionado este valor pela PGR”, declarou a senadora.

Denúncia

Na denúncia, Dodge diz que, além dos depoimentos de delação, foram colhidos nas investigações documentos, como planilhas e mensagens, fruto da quebra de sigilo telefônico.

Destaca, ainda, que em contrapartida pela doação milionária, a Odebrecht foi beneficiada com aumento da linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com Angola, país africano onde a empreiteira tinha negócios.

A procuradoria sustenta, conforme a Agência Brasil, que os acusados formavam uma suposta organização criminosa. Lula, Paulo Bernardo e Palocci faziam parte do núcleo político, Marcelo Odebrecht – também denunciado e um dos delatores – do núcleo econômico, enquanto integrava o grupo administrativo o chefe de gabinete da senadora, Leones Dall’agnol, que também foi denunciado.

Segundo Dodge, Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo aceitaram receber parte do dinheiro vindo da Odebrecht, em 2014, via caixa 2, como doação eleitoral de R$ 5 milhões, que teriam sido recebidos por Leones.

“Dos cinco milhões, Gleisi Helena Hoffmann, Paulo Bernardo e Leones Dall’Agnol comprovadamente receberam, em parte por interpostas pessoas, pelo menos três milhões de reais em oito pagamentos de quinhentos mil reais cada, a título de vantagem indevida, entre outubro e novembro de 2014″, diz a PGR em parecer.

Em nota, o PT repudiou a denúncia e afirmou que Dodge “atua de maneira irresponsável, formalizando denúncias sem provas a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros”.

De acordo com o comunicado, a PGR tenta criminalizar a legenda, “citando fatos sem o menor relacionamento de forma a atingir o PT e seus dirigentes”.

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