Ícone do samba, Dona Ivone Lara morre aos 97 anos
Ela estava internada desde sexta-feira, na Coordenação de Emergência Regional (CER), no Rio de Janeiro
O samba “saiu” do ritmo na noite dessa segunda-feira (16): faleceu, aos 97 anos, a cantora Dona Ivone Lara. Internada desde sexta-feira (13), no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, devido a uma insuficiência respiratória, a sambista já vinha apresentando um quadro de anemia. Nos últimos dias, precisou receber doações de sangue.
“Ela estava sempre procurando um caderninho pra escrever uma música, estava sempre cantarolando pro neto. Até a última semana ela estava super bem, com a cabeça ótima. Ela estava muito fraquinha, mas a cabeça estava ótima”, contou a nora Eliana Lara Martins da Costa, em entrevista ao G1.
O filho dela, Alfredo Lara da Costa, lamentou a morte da mãe. “Vai deixar muita saudade, mas sinto muito orgulho do legado que ela deixa”, afirmou. O adeus à Dona Ivone será na quadra da escola de samba Império Serrano, nesta terça-feira (17).
Carreira
Nascida em 13 de abril de 1921, em Botafogo, Yvonne Lara da Costa é filha de músicos. A mãe, Emerentina Bento da Silva, ganhava a vida como costureira, mas era soprano e cantora de blocos tradicionais como o Flor do Abacate. O pai era José da Silva Lara, um violonista de sete cordas que desfilava no também clássico Blocos dos Africanos.
Na adolescência, estudou estudou música erudita com Lucília Villa-Lobos, casada com o maestro Heitor Villa-Lobos. Enfermeira de formação, trabalhou em hospitais até 1977, período em que trabalhou junto com a psiquiatra Nise da Silveira, no Serviço Nacional de Doenças Mentais. Ao se aposentar, Dona Ivone já tinha três discos lançados: “Sambão 70” (1970), “Quem samba fica?” (1972), “Samba minha verdade, minha raiz” (1974).
Em cinquenta anos de vida musical, ela gravou 16 álbuns de estúdio. Compositora consagrada, teve músicas gravadas por grandes nomes da música brasileira, como Clara Nunes, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Beth Carvalho e Marisa Monte. A sambista também enveredou pela carreira de atriz. Em 1997, ela foi Zulmira de Iansã, no “A Força de Xango”. Em 1982, em um especial do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, ela deu vida à cozinheira Tia Nastácia.
Dona Ivone Lara deixa o filho caçula, Alfredo, uma nora e três netos. O filho mais velho dela, Odair, faleceu nos anos 1975, em um acidente de carro. Desolado, o marido dela, Oscar Costa, sofreu um infarto fulminante.
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