Dodge libera para análise do STF pedido de suspeição de Gilmar Mendes no caso Jacob Barata Filho
Por Matheus Leitão
Foto:Jornal do Brasil
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, liberou para análise do Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de suspeição levantado por seu antecessor no cargo, Rodrigo Janot, contra o ministro Gilmar Mendes no caso do empresário Jacob Barata Filho. O ministro concedeu um habeas corpus que tirou Barata Filho da prisão.
A suspeição de Gilmar Mendes foi levantada em agosto de 2017 pela força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, que apontou que o ministro foi padrinho de casamento da filha do empresário e que um advogado de Gilmar também advoga para Barata Filho.
Na época, Gilmar chegou a se manifestar publicamente sobre o pedido da PGR: “Vocês acham que ser padrinho de casamento impede alguém de julgar um caso?”, questionou. Ao se manifestar no pedido de suspeição, o ministro se declarou apto a relatar o caso de Barata Filho.
Após assumir a procuradoria, Dodge pediu vista (mais tempo para análise) do pedido de suspeição. Ao STF, a procuradora-geral não afirmou se Gilmar Mendes tem ou não suspeição no caso.
Sem se aprofundar na relação de amizade apontada por Rodrigo Janot entre Gilmar Mendes e Jacob Barata, Dodge ressaltou que “o reconhecimento da suspeição é, antes de tudo, um dever do próprio magistrado”.
“Dizendo de outro modo, o julgador deve ser imparcial diante das partes e da causa. Deve agir sem preconceito ou tendência. A imparcialidade ou a parcialidade, portanto, será revelada pelo seu agir”, afirmou.
Raquel Dodge também destacou a independência do Poder Judiciário e de seus membros e enfatizou que Gilmar “não afirmou suspeição e considera-se plenamente apto, no aspecto subjetivo, para o julgamento do pedido de habeas corpus”.
“A doutrina sobre o tema considera que normas de impedimento e suspeição devem ser interpretadas restritivamente, justamente para se evitar que um juiz, com competência para determinado tema dentro das regras constitucionais e processuais de distribuição de competência, o chamado juiz natural, seja recusado pelas partes por situações que não estavam previamente definidas na lei”, explica a procuradora-geral.
A manifestação de Dodge foi apresentada nesta quarta-feira (4), mesmo dia do julgamento do habeas corpus de Lula no STF, em documento endereçado à presidente da Corte, a ministra Carmen Lúcia. Agora, caberá a Cármen Lúcia decidir sobre o pedido de suspeição de Gilmar Mendes.