Anglo American amplia suspensão da produção de minério no Brasil para 90 dias
A polpa de minério de ferro atingiu o Ribeirão Santo Antônio nesta quinta-feira (29), segundo a Defesa Civil de Santo Antônio do Grama (Foto: Defesa Civil de Santo Antônio do Grama/Divulgação)
mineradora Anglo American informou nesta terça-feira (3) que a produção de minério de ferro pela empresa no Brasil ficará suspensa por, no mínimo, 90 dias, e que as exportações estão paradas. As operações entre Minas Gerais e Rio de Janeiro foram interropidas após o segundo vazamento ocorrido em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata, no dia 29 de março.
A empresa informou também que estima, até o momento, em R$ 60 milhões o custo total das ações de reparação e recuperação operacionais, econômicas e socioambientais decorrentes deste rompimento e do primeiro, em 12 de março.
São 529 quilômetros de mineroduto na área dos dois estados. De acordo com a Anglo American, a suspensão atinge a mina e usina localizadas, respectivamente, em Conceição do Mato Dentro e Alvorada de Minas, em Minas Gerais, e a planta de filtragem em São João da Barra, no Rio de Janeiro. Neste momento, não são feitos extração, beneficiamento e transporte do minério.
A previsão inicial era de paralisação por 30 dias. Contudo, a mineradora informou nesta terça-feira (3) que será necessário período maior para detalhar processos de inspeção.
Segundo a Secretária de Estado de Meio Ambiente e a Anglo American, falhas em soldas ocasionaram a ruptura em tubulações. No segundo vazamento, cerca de 650 toneladas de polpa de minério – uma mistura de minério e água – foram liberadas e atingiram uma fazenda, além do Ribeirão Santo Antônio, conforme o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No primeiro, foram despejados cerca de 300 toneladas de polpa de minério no curso d’água.
A partir do dia 17 de abril, parte dos trabalhadores vai entrar em férias coletivas por 30 dias. Segundo a mineradora, ainda não há definição de quantos empregados do total de cerca de 2,5 mil do setor de produção serão impactados. Para o período subsequente, a empresa informou que vai se reunir com o sindicato para definir alternativas.
O presidente da mineiradora, Ruben Fernandes, disse em coletiva, no dia 31 de março, que a previsão para produção neste ano era de 13 milhões de toneladas de minério de ferro, mas que, agora, este número seria revisto.
Ações judiciais
Nesta segunda-feira (2), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou uma ação para garantir judicialmente a suspensão das atividades do mineroduto Minas-Rio, da Anglo American, até que seja concluída uma auditoria ambiental independente.
A empresa disse não teve acesso à petição do MPMG, mas ressaltou que as operações foram interrompidas no dia do incidente.
Desde o dia 29 de março, a licença ambiental para transporte do material está suspensa por determinação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Após o primeiro vazamento, o MPMG ajuizou uma ação, pedindo o bloqueio de R$ 10 milhões. No último dia 16, o pedido foi deferido pela Justiça mineira.
Mineroduto
A Anglo American extrai minério de ferro em Conceição do Mato Dentro, onde ele é misturado com água para produzir uma polpa. Esse material é bombeado para o mineroduto, que passa em Santo Antônio do Grama.
A instalação de 529 quilômetros também passa pelo Rio de Janeiro. No Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), o minério de ferro é separado da água e embarcado em navios para exportação. A água eliminada é tratada e jogada no mar.
Segundo a Anglo American, o mineroduto, inaugurado em 2014, é o maior do mundo. A empresa diz que é um meio de transporte seguro, monitorado em todo o trajeto. Diz ainda que tem um plano de emergência para o caso de vazamentos, que, mesmo sendo raros, podem ocorrer, e, de acordo com a própria mineradora, causar danos ao meio ambiente.
De acordo com a mineradora, o material que vazou é considerado resíduo não perigoso.
por:G1