Mortes de quatro pacientes do Abrigo João Viana investigadas
Por: JANE RIBEIR
Quatro pacientes do Hospital Abrigo João Viana, unidade psiquiátrica de Campos, morreram no último final de semana. A primeira morte aconteceu na sexta, duas no sábado e outra no domingo. O fato dos óbitos terem acontecido em curto período de tempo chamou a atenção da direção da unidade e da Liga Espírita de Campos, entidade mantenedora do hospital, que decidiu abrir uma sindicância administrativa e fazer um boletim de ocorrência na 134ª Delegacia de Polícia (DP). Segundo a diretora da Liga Espírita, Eliete Maria do Rosário, o paciente que morreu no domingo o resultado da necropsia apontou que a vítima sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os outros tiveram o diagnostico mortes naturais, como mal súbito, segundo a direção da Liga Espírita.
Eliete Maria registrou boletim de ocorrência na manhã desta segunda-feira. Ela, junto com a direção do hospital, achou estranhas as mortes seguidas de pacientes com histórico antigo de internação e bastante debilitados ao longo do tratamento psiquiátrico. “Os pacientes que morreram na noite de sexta-feira e sábado não apresentavam marcas de violência nos corpos, quando foram encontrados sem vida na cama onde dormiam. Eles eram antigos na instituição. Já a quarta vítima, foi achada morta na manhã de domingo e o exame de necropsia foi solicitado e constatou que ele sofreu um AVC. A gente sabe que é comum os órgãos ficarem comprometidos por conta das fortes medicações que provocam algum efeito colateral nos pacientes psiquiátricos”, disse.
A Polícia Civil esteve nesta segunda no hospital e iniciou as investigações. A diretora da Liga informou, ainda, que uma sindicância administrativa foi aberta para apurar o caso. “Abrimos sindicância interna e registramos um boletim de ocorrência. Hoje, os policiais estiveram no hospital para ouvir profissionais da instituição, além de verificar as condições dos outros pacientes. No hospital existe a ronda dos técnicos de enfermagem durante a madrugada e foi durante uma ronda que eles viram que os de sábado haviam morrido dormindo. Sempre fica a dúvida e a gente quer o esclarecimento. Estamos confiantes por isso, abrindo todas as portas e dando todos os esclarecimentos”, informou Eliete Maria.
Segundo o delegado adjunto da 134ª DP, Pedro Emílio Braga, a investigação é tratada como prioridade. “De fato estamos investigando com prioridade. Tomamos conhecimento somente hoje pela manhã e estamos com algumas diligências para conseguir nos situar previamente do que ocorreu. O número de pessoas mortas foi grande e com grave comprometimento psiquiátrico. No momento, é muito prematuro afirmar qualquer coisa, mas a princípio, descartamos a exumação dos três primeiros corpos. Vamos, no momento, trabalhar com outros tipos de provas que ainda não posso divulgar”, disse.
Folha1