Petistas veem prisão de Lula se aproximar: ‘Querem foto da humilhação’

Aliados próximos do ex-presidente acreditam, no entanto, que ele não ficará atrás das grades por muito tempo

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Petistas próximos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já cogitam que a prisão dele deve ocorrer em breve, após ser julgado, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), um embargo de declaração, que serve para esclarecer pontos da sentença proferida pelos desembargadores.

A 8ª Turma do TRF-4, formada pelos desembargadores Victor Luiz dos Santos Laus, João Pedro Gebran Neto e Leandro Paulsen, confirmou, em janeiro, a condenação imposta a Lula pelo juiz federal Sérgio Moro, na ação penal envolvendo o tríplex no Guarujá (SP). A pena foi revisada e aumentou para 12 anos e um mês de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro.

A expectativa é de que a Corte julgue o embargo ainda este mês, quando o desembargador Victor Laus retorna de férias. Sobre este recurso, o Ministério Público Federal (MPF) já se pronunciou: recomendou a negação e a prisão do ex-presidente.

No entanto, pessoas ligadas a Lula acreditam que, depois de ser preso, o ex-presidente não deve ficar muito tempo atrás das grades. “Querem a foto da prisão, a humilhação. Mas não consigo imaginar Lula preso por muito tempo. Ele vai ficar uma semana, dez dias no máximo”, diz um amigo do presidente ao O Globo, sem detalhar a estratégia de defesa que será implementada para viabilizar a soltura.

O petista também já teria confessado a amigos que cogita fazer uma greve de fome na cadeia. Sobre a possibilidade de usar tornozeleira eletrônica, o ex-presidente tem dito que não quer se submeter a essa humilhação. “Ele diz que não vai aceitar a tornozeleira eletrônica. O presidente já está se encaminhando para a última fase da vida dele, não quer morrer como um idiota”, conta um amigo.

Aliados ainda relatam que o ex-presidente está muito abalado com a situação. “O Lula está muito derrubado, nunca vi ele desse jeito. Todo mundo duvidava que chegaria a esse ponto. Mas chegou”, observa outro interlocutor do petista.

Saídas para Lula

Mesmo que a Corte negue o embargo a Lula, ainda restará à defesa de Lula mais uma chance para adiar a prisão. Seria o “embargo do embargo”, que consiste no pedido, por parte dos advogados, de esclarecimentos sobre a decisão.

A análise desse “embargo do embargo” ficaria, então, para uma próxima sessão. Mas, conforme destaca O Globo, a chance de sucesso desta ação é pequena visto que, em outros processos, os desembargadores consideraram a medida meramente protelatória.

Outra medida que deve ser adotada pelos advogados de Lula, se a apelação for negada no TRF-4, é encaminhar recurso especial ao STJ, que serve para apontar decisões ou atos do processo que violem princípios como os da ampla defesa.

No STJ, se Lula vencer, ele reverte a condenação penal e afasta o risco de prisão. Caso o pedido seja negado, a defesa ainda poderá apelar para o Supremo Tribunal Federal (STF).

No Supremo, os advogados do petista podem entrar com um recurso extraordinário, usado para questionar decisões e atos que violem dispositivos constitucionais ou ofensas à Constituição. Podem, inclusive, questionar o próprio STF sobre se a pena deve começar a ser cumprida a partir da 2ª instância.

Na mesma Corte, a defesa de Lula já entrou com um habeas corpus preventivo, assim como fez no STJ, que foi negado pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF. Fachin, no entanto, enviou o processo para o plenário e, agora, cabe à presidente do Supremo, Cármen Lúcia, marcar uma data para o julgamento.

Pela Lei da Ficha Limpa, a condenação pelo TRF-4 o torna inelegível. Mas ainda há mecanismos que podem permitir a candidatura. Nesse sentido, o ex-presidente ainda tem o direito de recorrer ao STJ e ao STF para tentar obter uma liminar, em decisão individual de um ministro, a fim de manter-se candidato.

Mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Lula pode solicitar o registro de candidatura. E a Lei Eleitoral diz que, com a solicitação do pedido, o candidato está autorizado a realizar atos de campanha até a decisão definitiva sobre o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda segundo O Globo, esta decisão dependerá do julgamento de apelações no próprio TSE e também de recursos contra a inelegibilidade no âmbito do STF.

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