Águas causam transtornos no interior de Campos RJ e Paraíba já ameaça o cais no centro da cidade
Por:JÉSSICA FELIPE E ANA LAURA RIBEIRO
Apesar de o sol ter voltado a aparecer nesta segunda-feira (11), várias localidades de Campos ainda sofrem as consequências do final de semana chuvoso. Na região de Lagoa de Cima e Imbé os moradores estão ilhados. O rio Ururaí, que banha a região, alcançou 3,90m nesta manhã, 10 cm a mais que a cota de transbordo. Com o volume de água que se acumulou nas estradas de acesso à localidade, boa parte do percurso até as casas está sendo feito de barco.
A profundidade da água no asfalto chegou a atingir 70 cm também nessa segunda. Em Morro do Coco, em média sete famílias já foram desalojadas e encaminhadas para o abrigo improvisado na escola municipal. Outras 20 estão sendo assistidas. A coordenadoria de Defesa Civil informou que não há previsão de chuva até o dia 16 de março, de acordo com institutos de meteorologia.Para o rio Paraíba no Sul a medida foi de 8,23m. A cota de transbordo é de 10,40.
Nos dois acessos à Lagoa de Cima, por Tapera ou Santa Cruz, só é possível passar com veículos mais altos.
Alguns moradores se arriscam em atravessar a pé, com moto e carroças até as partes mais rasas da estrada. O morador Luiz Carlos Gomes, 60 anos, contou que nesse domingo (11) a situação piorou. Ele tem gado no Imbé e o percurso para cuidar dos animais está sendo feito de canoa. “Só passa carro grande, então, para chegar até lá, estou indo de barco mesmo. Faço mais ou menos em uma hora. Moro a minha vida toda aqui e, desde a enchente de 2008, este está sendo o pior período”, relatou.
Wilson Souza, 60 anos, é morador e possui um bar na localidade de Morro Alto, em Lagoa de Cima. Com receio das consequências do clima, ele fechou o bar. “Ainda não alagou lá, mas está quase. As pessoas não têm como chegar, então preferi fechar, né…”. Luiz Antônio de Abreu, 49 anos, também tentou atravessar a estrada, mas só conseguiu chegar até o início da comunidade de seu Wilson. “Eu moro na Tapera, mas vim ver como está. Não tem como passar mais para lá. Só até aqui mesmo. Tem água até uns 70 cm e está aumentando, se chover mais então”.
Segundo a Defesa Civil do município, equipes de trabalho foram deslocadas para a região e estão avaliando as condições no local para tomada de medidas necessárias. No Imbé, os trechos mapeados emergentes já estão sendo desobstruídos e locais sendo isolados. Houve deslizamento de terra na localidade. Ainda não há informações sobre desabrigados. Ainda segundo o órgão público, no final de semana, a equipe da Defesa Civil recebeu chamado para os bairros Novo Jóquei e Santa Rosa, que também recebem equipes do órgão.
Alerta – A Coordenadoria Municipal da Defesa Civil emitiu, nesta segunda, uma alerta a motoristas para que evitem estacionar no Cais da Lapa. Aqueles que já estacionaram pela manhã e início da tarde devem retirar seus veículos o mais breve possível.
Vídeo:Suzy Monteiro
O nível do rio Paraíba do Sul voltou a subir no início desta tarde, atingindo a cota de 8,40m, e segundo o coordenador da Defesa Civil, major Edison Pessanha, a informação é de que subirá ainda mais. Na tarde do último sábado (10), o nível do Rio chegou a 8,55m.
“A vazão na represa da Ilha dos Pombos, em Resende, está muito intensa e a água está chegando numa velocidade muito grande. Com isso, a água deve voltar invadir a área do Cais”, disse Edison Pessanha informando ainda que a Coordenadoria segue monitorando os rios.
Norte de Campos – A secretaria de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS) do município informou que, até essa segunda, cerca de sete famílias estariam desabrigadas e 11 desalojadas – que se encontram na casa de parentes, no norte de Campos. “Todas as famílias desabrigadas até o momento estão em Morro do Coco, na Escola Municipal Lulo Ferreira de Araújo. A Prefeitura distribuiu cerca de 100 cestas básicas, colchonetes, água mineral e mil refeições para famílias afetadas de alguma forma pelas chuvas”, respondeu a assessoria.
No bairro do Buraco do Sapo, localidade de Morro do Coco, outras oito famílias estão sendo assistidas pela SMDHS com cestas básicas, mas seguem em suas casas. Mesma situação de 12 famílias próximas ao km 28 (Posto Mangueira), da BR 101.
Foto:E.M.
Estrada – Ainda nessa segunda-feira (12), dois pontos da BR 101 ficaram em alerta por consequência da chuva. De acordo com a Arteris Fluminense – concessionária responsável pela via -, no km 160 (Macaé), no sentido Espírito Santo, foi implantada a operação pare-siga. No km 28 (Campos dos Goytacazes), sentido Niterói o fluxo segue pelo acostamento e no sentido Espírito Santo o fluxo segue pelo sentido Niterói.
Fotos: Antônio Leudo e Jéssica Felipe
Folha1